domingo, 28 de novembro de 2010

Firmando Um Ponto....

Andréa, eu não quero ver o Dyogo mexendo em minhas pedrinhas. Olha só, cada uma tem seu lugar aqui e não vou gostar nada disto. Falou muito séria uma fada, em um sonho que tive quando o Dyogo, meu filho do meio tinha 2 meses. A fadinha estava aqui na frente da casa do sítio, numa época que nem sonhava em vir morar aqui.
Meu filho cresceu, está com 11 anos, e na última sexta brigou muito sério, da forma séria que as crianças brigam, com seu irmão por estar usando uma calça dele. Não pela calça. Nos bolsos haviam pedrinhas e ele ia misturar tudo. Eram pedras da sorte. Não me lembro de algum dia meu filho não juntar pedras e não brigar pelas coisas justas, no ponto de vista dele. Está sob a energia de Xangô.
Já meu pequeno ,o Syrus, é distraido por natureza, se magoa facilmente  quando chega a prestar alguma atenção em quem lhe chama à razão. Trouxe do mato e guarda em seu quarto uma madeira que lembra um arco. Um dia diz que vai fazer flecchas para ele. É um pequeno Oxóssi. Foi da boca dele que também ouvi um grande ensinamento esta semana, eu e uma amiga. Ela estava muito triste. Ele percebeu a tristeza disfarçada e falou: acho legal o jeito das filhas de Yansã, é divertido as vezes. O que eu não acho legal é filhas de Oxum agirem como filhas de Yansã, isso vai contra a natureza. Filhas de Yansã são filhas de Yansã. Filhas de Oxum são filhas de Oxum. 
Todas as crianças são capazes de nos passar mensagens, por sua pureza. Esta minha amiga, sem ele saber , realmente é filha de Oxum e andava triste querendo empunhar uma espada ,quando na verdade sua resposta estava no espelho.Talvez estejamos tão embrenhados na mata de nossos pensamentos que não consigamos mais ler nossos próprios símbolos.
Nossa vida é ler ,interpretar e produzir símbolos. A escrita e a fala são símbolos. Eu creio que deveríamos estudar semiótica desde pequenos, na escola mesmo, mas com um linguajar mais acessível. Na umbanda , simplificando bem, a assinatura de distinção das entidades é o ponto riscado.
Em pontos de exu na maioria das vezes você identifica tridentes, por exemplo. Nada tem a ver com a figura demoníaca constituida a partir da Idade Média pela Santa Igreja Católica. O tridente é um símbolo milenar atribuído a Poseidon, deus dos mares e a princípio é o elemento que possibilita a pesca e a fartura de alimentos. Na religião hindu, logo depois, foi usado como arma de Shiva, representando a criação ,o ser e a destruição, ou a possibilidade de comunicar o passado, presente e futuro. Ainda sobre exus ,um dos símbolos que depois, e confio nisto, que acabar esta guerra no Rio de Janeiro terá o significado de proteção será o da caveira: morte e prisão para quem merece, proteção ao trabalhador.
Talvez um dos símbolos mais antigos seja o da flecha. Ele está representado nas divindades gregas Apolo e Artemis.Na Umbanda brasileira a linha dos caboclos, seja de Ogum, Oxossi ou Xangô, utilizasse em seus pontos flechas. Índios de todos os pontos do mundo sabem a máxima: uma flecha sozinha pode ser facilmente quebrada, mas num feixe delas se torna invulnerável. Portanto do Ocidente à China sabe-se que simboliza a importância da união. No mundo inteiro este símbolo é usado ,mas sua interpretação é feita conforme o contexto em que se encontra. Uma seta indicando uma direção numa rodovia, não indica logicamente a presença de índios no local. Um fato interessante que pesquisei é que o único lugar onde a flecha nunca foi usada como símbolo foi nas civilizações pré-colombianas ,onde usava-se um dardo lançado por uma funda.
Quando se mora perto da natureza e se depende dela o ser humano é obrigado a interpretar os símbolos. Pescadores sabem quando vai chover ou quando vai parar, não pelo estudo de metereologia,mas pela observação e ensinamentos passados pelas gerações. Assim como também em fazendas e sítios o pessoal da lida com animais e lavoura também sabem interpretar os sinais da natureza. Uma coisa eu sei, pois aprendi aqui: aranhas andando pelo meio da casa é um sinal de que vai esfriar, pois elas estão procurando abrigos mais quentes.
O estudar demais e seguir regras nos faz fechar nossas mentes para o novo.  A Umbanda como religião ainda é uma criança pequena, a interpretação de seus símbolos e a formação deles ainda está em crescimento. Para mim, cada vez mais , como uma vez falei em meu livro- Terapia do Pensar-Editora Juruá- a captação dos elementos que correm no inconsciente coletivo pelos médiuns com ajuda das entidades, se transformarão em mensagens educacionais e de força, cada vez mais importantes para estes tempos tão tumultuados. Talvez aí esteja um ponto importante: as entidades como auxiliadores da leitura de símbolos pessoais para que cada um com seu livre-arbítrio possa construir um destino, respeitando sempre sua própria natureza. Tudo isto tem me ajudado a educar meus filhos: o meu de Xangô sempre chamo a atenção para que evite julgamentos precipitados e o meu de Oxóssi sempre procuro falar sobre notícias dos telejornais, para se ligar um pouco em nossa civilização e seus acontecimentos. Quanto ao meu filho mais velho acredito que ele seja de Ogum, pois travamos juntos batalhas importantes nesta vida, mas ainda temos que aprender a conviver melhor. Quanto a mim mesma ,tenho buscado ficar relembrando que ter um temperamento explosivo não é um atributo e sim um defeito. E como tal deve ser doutrinado.
Lembrem -se também, fadas são lindas e pequeninas, mas podem também ser mal humoradas. Tenham uma ótima semana.

Aconselho se quiserem ter um dicionário de símbolos muito bom leiam: Dicionário Ilustrado de Simbolos de Hans Biedermann - Editora Melhoramentos.

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domingo, 21 de novembro de 2010

Magia

Tinhamos um terreno grande quando pequenos. Éramos em quatro irmãos e a diferença de idade entre um e outro não era maior que um ano. Então, um dia meu pai resolveu ocupar uma parte do terreno com canteiros. Eram muitos e eu lembro disto. Preparávamos a terra, plantávamos ,regavamos e colhíamos. Devia haver uns quarenta. Serviço que ocupava grande parte de nosso dia . Gostava muito daquilo.Talvez isto tenha grudado em minha genética e meu filho do meio adora plantar. Tanto, que mesmo morando em um sítio, as janelas da minha cozinha estejam cheias de vasos com pés de feijão dentre outras plantas.
Lembrei-me disto porque fiquei pensando sobre as coisas que nos impomos a fazer, quase que mecânicamente, e outras que fazemos porque estão irremediavelmente ligadas à nossa alma. Só há algo , uma necessidade, que nos une a todos: a necessidade de aprender.Não o que é necessariamente ensinado nas escolas. Aprender os caminhos que nos levam a felicidade, seja lá onde achemos que ela está. A porção do Divino que cabe neste espirito que vos escreve é o do Orixá Yansã, então meu nível de curiosidade é meio alta, embora meu discernimento não seja tão grande quanto à alguns fatos desta vida.
Esta semana foi uma daquelas em que tive o prazer de aprender muitas coisas. Uma delas é que Umbanda não é para qualquer um. E falo da Umbanda, porque é a minha religião, mas entendo que as outras devam ser assim também. E sabe por quê? Porque amor não é pra qualquer um . Ele exige um certo esforço e comprometimento. Onde não há amor proliferam todos tipos de coisas contrárias a ele:  tristeza, ódio, mágoa, e por aí afora, porque o amor é uma energia que vibra tão fortemente que para rebate-la é necessário muitas energias contrárias como estas que citei.
Um amante da vida é aberto ao conhecimento, e , com isto, não quer dizer que a pessoa seja alienada aos problemas.  Nem que seja perfeita. afinal somos seres em fase de aprendizado neste planeta. Amor é uma grande magia, pois não o entendo ainda na totalidade. A pessoa que incorpora o Amor Maior não consegue mais se livrar, o que me alivia muito.
A Umbanda trata de criar campos de energia.E olha o Pai Fernando precisou me falar isto esta semana talvez pela milésima vez. Entendi de fato desta (fique aliviado viu painho?) e acho até que por ter entendido definitivamente, entendi uma série de outras coisas ,ou pelo menos consegui entendê-las ao adquirir conhecimento. Para criar campos de força efetivos , temos que primeiro nos aprimorar, gerar energia compatível com a pureza dos elementos da natureza. As entidades vem só nos trazer elementos para que cultivemos o amor em nós mesmos, este que será partilhado nas giras deste mundo sem porteiras.
Precisamos a coragem dos índios. Vi um documentário à tarde sobre eles.Um índio no meio da floresta contando sobre uma caçada à noite. Diz que de repente sentiu uma dor no estômago: poderia ser feitiçaria.Ou fome. Esperou sem ter medo. Era fome.Isso é um grande ensinamento: paciência que nos dá o equilibrio de ver a verdade , é coragem.
Precisamos da humildade dos pretos. No livro Grifos do Passado, Pai Fernando Guimarães conta que Pai Maneco é um grande protetor das doceiras, porque ele acredita que elas tragam felicidade às pessoas. Vou confessar que cada vez que faço doce de abóbora aqui há pequenos pontos de luz pela casa toda.Todo mundo fica feliz.Humildade de reconhecer a beleza das pequenas coisas que fazem toda a diferença.Talvez aí na sua memória existam memórias de canteiros também como os que fiz quando criança, de doceiras e aconselho a lembrar deles em momentos difíceis.
Todas as crianças na Umbanda quando descem batem palmas. Nunca entendi isto de fato, até achar este pequeno texto que posto abaixo do professor de Amor Léo Buscaglia (isto mesmo, ele dava aulas sobre o Amor numa universidade da Califórnia, teria sido um grande Umbandista). É um texto que revela a essência do que os erês vem nos trazer:
 "Sempre que estou decepcionado com meu lugar na vida, eu paro e penso no pequeno Jamie Scott.
Jamie estava disputando um papel na peça da escola. Sua mãe me disse que tinha procurado preparar seu coração, mas ela temia que ele não fosse escolhido.
No dia em que os papéis foram escolhidos, eu fui com ela para buscá-lo na escola. Jamie correu para a mãe, com os olhos brilhando de orgulho e emoção:
- Adivinha o que, mãe!
E disse aquelas palavras que continuariam a ser uma lição para mim:
- Eu fui escolhido para bater palmas e espalhar a alegria! "

Tem pessoas que você olha e sabe o que o amor está impregnado nelas de forma irremediável. Podem não estar bem todos os dias, mas um sorriso, que você sabe que vem lá do fundo da alma já te alimenta.Já falei aqui e torno a falar. O primeiro ponto riscado da Umbanda tinha um coração, simbolo mundial do amor. Não era à toa.

Se você apesar de tudo se acha também um escolhido e mesmo sem entender todos os mecanismos do amor leia e participe: Blog World Cicle: ONDE O MUNDO NUNCA PÁRA: CAMPANHA CRACK NEM PENSAR! http://t.co/cFQ1O72

Acessem o novo site do Terreiro do Pai Maneco: http://www.paimaneco.org.br/

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Luz Divina

"Quando os atabaques falam, a alma escuta e o corpo responde." Palavras sábias do meu amigo Ricardo Barreira. E há 102 anos eles vêm tocando,no princípio escondidos, perseguidos e hoje até protegidos por lei. Então, em minha curiosidade latente fiquei imaginando o que aconteceria em um terreiro depois da gira, depois que tudo se cala num terreiro. A imagem que eu tive foi de nossos anciões em frente ao congá, pedindo a Oxalá pelos seus filhos. Ontem eu ia fazer umas perguntas ao Pai Maneco e muito embora seu médium não tenha comparecido, não há questionamentos que não sejam respondidos por Aruanda.
Ao iniciar os trabalhos ontem, o Pai Tinga, incorporado em seu médium Lourenço, pede a todos que façam uma reflexão sobre a Umbanda e a atuação dela em suas vidas. Se há algo que aprendi nesta minha vivência é que as entidades nos fazem pensar e suas colocações apesar de simples tem uma profundidade enorme. E ,com a permissão de vocês, me lanço a partir daqui em minhas conclusões.
Dentro de um terreiro, não somos mais do que médiuns , almas que escolheram servir para seu próprio crescimento e dos que necessitam. Ali, em frente ao congá quem se manifesta são as entidades que naquele momento praticam a Umbanda e fazem a ponte entre o Divino e os necessitados. Um médium tem que ter a humildade de reconhecer que ele é apenas o caminho ,naquele momento, para um bem maior. Quando todos tomam o caminho de suas casas e o terreiro aparentemente se apaga e se aquieta, aí sim começam os tambores da vida , batendo no compasso da Umbanda.
Pai Maneco nos fala que aprendemos no terreiro para praticar a Umbanda em nosso dia-a-dia. E quando Pai Tinga nos pergunta sobre o que a Umbanda fez por nós , acredito que não se refere a conquistas materiais, mas as profundas mudanças que sofremos em nosso modo de ver a vida e de repassar este conhecimento e vivência. Dentro do terreiro as entidades atendem e fora dele, nós, ao nos pedirem ajuda, repassamos o que aprendemos.E é ,portanto, na rotina de nossos dias que somos umbandistas.
Aprendemos que estamos todos ligados, uns aos outros pela energia divina, e à natureza. Somos responsáveis pelo equilíbrio próprio e dos que nos cercam. De forma individual, mas pensando no todo, cada pequena ação que praticamos em nosso cotidiano que reverta em preservação ambiental e bem estar social nos torna mais e mais umbandistas de fato, porque podemos ser médiuns em qualquer religião, mas só podemos expressá-la se a vivenciamos.
Existe um ponto de Umbanda que diz assim: "Quando o galo canta ,as almas se levantam e o mar recua, é quando os anjos do céu dizem amém e o pobre do lavrador diz aleluia...". Porque é justamente em nosso vida diária que os grandes milagres acontecem. É onde temos forças para recomeçar a cada dia nossa caminhada, semeando e colhendo conforme o que nos é necessário E no repartir da colheita
o nosso grande prêmio. Quando escutamos o galo cantar, significa que estamos aptos a ouvir o chamado e o fato das almas se levantarem, é um símbolo antigo constante em várias religiões, que significa estar mais próximo ao divino. A Bíblia , por exemplo, é recheada de citações nas quais quando alguém se levanta vai cumprir os desígnios de Deus. Quando o mar recua,quando mundo espiritual não está tão próximo, só nossas forças são evidentes e temos a proteção dos anjos, que dizem amém aos nossos pedidos de crescimento, como também nos fazem colher o que semeamos erroneamente. E , pobres lavradores que somos, só podemos agradecer a oportunidade de um dia mais semear e colher.
Ontem o lindinho estava inspirado. Disse , num destes estalos luminosos  da mente dele, que só estamos preparados para ver o que a mente consegue compreender. E este é um fato inegável. Devemos nos entregar ao aprendizado do amor, se queremos enxergar a cura para nossos males. E a Umbanda é assim : a transmutação de energias para o bem comum.
Então ao Pai Tinga devo falar que a Umbanda tem me transformado em uma umbandista, que apesar de parecer óbvio, vai muito além disto. Conheço grandes umbandistas que nunca pisaram em um terreiro, mas por outro lado conheço médiuns que não entenderam o que é Umbanda, mesmo frequentando giras anos a fio. Cada ser tem o seu tempo de maturação, portanto as vezes não se devem colher os frutos ainda verdes. É preciso enxergá-los maduros. Saravá!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Liderando Almas

Não tem coisa melhor para dormir do que ouvir a narração daqueles programas sobre a vida no fundo do mar. A voz continuada do locutor falando sobre os camarões azuis encontrados nas profundezas do oceano Pacífico e lá está você se entregando ao colo de Yemanjá para sonhar com as belezas marítimas, principalmente nos domingos à tarde. Gosto mesmo de programas sobre a vida selvagem, aprendemos muito com eles.
Um dia vi um programa sobre elefantes. E fui até buscar dados na revista Superinteressante para embasar meu texto: "Os dados são alarmantes. Desde 1992, no Parque Nacional de Pilanesberg, na África do Sul, elefantes adolescentes estupram e matam rinocerontes fêmeas. Em 2003, também, o vilarejo de Kyambura, em Uganda, se tornou palco de um ataque súbito dos paquidermes. Detalhe: todos machos e adolescentes. Segundo a revista New Scientist, dezenas de casas e plantações foram destruídas no local. Aldeões foram mortos, esmagados ou pisoteados pelos animas. Ao todo, no ano de 2005, nos países africanos da Zâmbia, Tanzânia e Serra Leoa, mais de 300 camponeses tiveram de evacuar suas casas, aterrorizados por elefantes jovens. Como membros de gangues, os elefantes destroem rotineiramente cidades e plantações, matando jovens, velhos e crianças. Na Índia está acontecendo a mesma coisa. “Os rugidos eram terríveis”, diz um morador de um vilarejo do estado de Jharkhand, no norte da Índia, atacado por elefantes em 2001."
E qual foi a solução para toda esta balburdia? Uma professora de psicologia de animal dos EUA, Gay Bradshaw, descobriu que a causa de toda esta revolta é que os elefantes adolescentes não tinham um líder mais velho que os orientasse. Foram colocados em contato com elefantes mais velhos, e acho eu que depois de alguma conversa, se acalmaram.
Mas minha incursão pelo mundo animal ainda não termina aqui. Olha só, na mesma revista, que exemplo de politica: "Na luta por poder e prestígio, nem sempre são os chimpanzés mais fortes que se dão bem. O que eles fazem pelo poder? Trocam favores, cuidam uns dos outros, cultivam alianças úteis entre amigos e famílias e, quando brigam, se reconciliam para manter a paz. “Trechos de Maquiavel parecem diretamente aplicáveis à vida dos chimpanzés”, escreveu De Waal em Chimpanzee Politics. O cientista estudou a intriga pelo poder entre Jeroen e Luit, dois chimpanzés do zoológico de Arnehm, na Holanda. O bando de 8 animais era liderado por Jeroen, que se mostrava autoritário. Luit se rebelou contra ele. Começou a contestá-lo e a desrespeitá-lo com uma tática cheia de esperteza. Resolveu paparicar e dar presentes aos colegas de jaula, como bananas e amendoins. Em 3 meses, Luit destronou Jeroen."
São duas situações completamente fora do que é natural. O homem no primeiro caso destruiu manadas de elefantes mais velhos por causa do marfim de suas presas e no segundo deixou em cativeiro chipanzes, que deveriam viver em liberdade. Diante de tanta selvageria humana, se portaram como humanos. Vida selvagem de fato. E por quê? Porque não têm o nosso poder de raciocínio e discernimento.Não, não falo dos animais, falo dos homens que cometeram estas brutalidades com os animais.
As pessoas devem sempre buscar elementos que as façam crescer em amor e respeito a si mesmas e ao próximo. Onde elas podem buscar isso? Acredito que dentro das religiões. Cada ser busca o que sua alma lerá com mais facilidade, que seja mais adequado ao seu caminhar. Não há religiões certas ou erradas, mas necessariamente teremos que analisar quem lidera e como trada de uma assunto tão delicado como o nosso  religare com Deus.
Me entristeceu de sobremaneira um fato ocorrido ontem em Porto Alegre: "Oito evangélicos realizavam um retiro de orações, em uma reserva ambiental particular, quando um carro com cinco praticantes de uma religião de origem africana chegou ao local. Eles queriam fazer rituais e oferendas no mesmo lugar. As diferenças religiosas acabaram se transformando em uma briga. O fiel da igreja Deus é Amor, Nilton Rodrigues, de 34 anos, levou uma facada no pescoço e morreu na hora. Um pastor também ficou ferido e está internado em estado grave. Os três homens e as duas mulheres praticantes da religião africana fugiram."
Vida selgavem. Nenhum dos dois grupos tinha um líder espiritual capaz de falar que não é com uma guerra que se cultua a Deus.
Quando vamos a um templo religioso temos que encontrar ali um outro lar, pessoas preparadas e com sabedoria para nos escutar e não nos encher de esperança, mas nos equilibrar para que tenhamos condições de caminhar neste mundo de forma que nossos passos sejam firmes, que nosso olhar irradie a luz divina. O único defeito que tenho com relação à minha religião é o baita orgulho que tenho em ter um líder como o Pai Fernando Guimarães, cujo ensinamento sobre amor, fé e caridade tem feito com que eu pratique da melhor forma possível a Umbanda, a Umbanda Pés no Chão. Tanto que aqui neste espaço consigo reunir pessoas de diferentes religiões, porque temos sem dúvida a mesma finalidade: melhorar como seres humanos e ajudar ao próximo. Estão aí todos os depoimentos em meus textos que não me deixam mentir. São neles também que aprendo muita coisa e aproveito também para agradecer a vocês. Saravá!







domingo, 7 de novembro de 2010

Faxina Mental

Ontem o lindinho saiu com nossos filhos para passear pela estrada e visitar uns vizinhos. Correram um tremendo perigo, pois aos sábados uma carroça fantasma conduz um noivo fantasma atrás de sua noiva, a estas alturas fantasma também, fujona. Lenda nascida aqui em casa mesmo, numa destas noites em que se esgotaram as histórias. Meu caçula diz que devemos ter muito respeito por este noivo fantasma, porque haja ectoplasma para fazer a carroça funcionar por tanto tempo. Na verdade , não há como enganar crianças por muito tempo, mas e nós?
Assisti Matrix de novo. Já devo ter falado que meu personagem predileto é a Oráculo. Que é minha irmã gêmea de minha alma. Dando conselhos, fumando, tomando café e cozinhando. Te pergunto: quantas vezes você já acordou pela manhã achando que este não é seu lugar? Eu algumas vezes. Brinquei com uma amiga que às vezes parece que, quando me perguntaram se eu queria reencarnar, devem ter colocado alguma droga antes no meu café. Tem coisas muito estranhas neste mundo.
Vejo pessoas que lutam por liberdade e depois que a obtém, não sabem direito o que fazer. É o caso da dita democracia. Vejo jovens ,que não vivenciaram a época, falando que a ditadura era melhor. Jovem é jovem. Eles se acham melhores que nós e depois que crescem descobrem que pouca coisa muda além da falta de agilidade física, e uma ruguinha aqui ou ali.
Um amigo me manda uma mensagem assim no twitter: é amiga, aprendemos por amor ou pela dor. Discordo. Aliás nem gosto desta frase. Só aprendemos quando temos conhecimento acumulado suficiente para entender. Meu filho de nove anos já sabe como são feitos os bebês, mas enquanto seu corpo não passar por algumas etapas de desenvolvimento, ele não terá filhos (o que é uma sorte!). Como é nosso desenvolvimento material é nosso desenvolvimento espiritual. Não posso atingir determinado nível de consciência se não estiver preparada para isto. Leva muito mais tempo que em uma só vida, às vezes.
Portanto, chegar em um nível em que você entenda porque às vezes o mundo amanhece irreconhecível, ou o porquê das nuvens se movimentarem tão rápido em sua vida, demora. O importante, imprescindível mesmo para nossa saúde espiritual e mental, é saber que nem tudo tem uma explicação imediata ou até mesmo um significado profundo.
Não podemos criar armadilhas em nossa mente. Não podemos criar uma Matrix nela que em algum momento vai se voltar contra nós mesmos. Há muitos anos atrás li um livro chamado "O Mago de Strovolos" de Kyriacos Marquides. Conta a história de uma facção da fraternidade branca na Grécia ,comandade por um homem denominado no livro de  Daskalos. Numa determinada situação este senhor ensina aos seus discípulos criarem formas mentais, pois fazia parte do aprendizado saber que elas existem. Um dos alunos resolve fazer um cão para proteger a casa de assaltos. Como tudo que é mal feito e sem orientação superior, quando estamos aprendendo, deu errado. Aquela energia começou a perder o controle e Daskalos além de ter um trabalho danado para desfazer, teve que expulsar o aluno depois de uma baita bronca.
Sempre lembro desta passagem quando ouço o painho falando: não invente, a Umbanda é simples. Pois digo a vocês o mesmo: não inventem, não teorizem e não construam formas depois difíceis de desmanchar. A vida é simples, mesmo quando o Sol teima em demorar a aparecer. Na dúvida deixe seu barquinho na praia.

A foto que aparece aqui foi captada pela alma do @MakakoAcido ,amigo do twitter, e mostra Praia do Recreio dos Bandeirantes ontem, dia 6 de novembro, à tarde.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Enquanto os anjos não falam

Se, há uns 25 anos atrás, tempo que não significa muita coisa para a história, fosse previsto que um afrodescendente seria presidente dos EUA (um negão muito charmoso por sinal), um metalurgico ocuparia a mesma função no Brasil e logo depois seria sucedido por uma mulher, internavam a pessoa no ato. Não discuto política, apenas as coisas da vida.
Tive uma infância onde lia muito e brincava outro tanto. Meus filhos não sabem como pude sobreviver sem video games e computadores naquela época. Nem eu, mas sobrevivi. Melhor, renasci em outra época.Acredito mesmo que morremos num momento para renascermos na mesma vida ,mas num mundo totalmente diferente. As pessoas que em uma época estão sempre presentes, em outra nem sabemos por onde andam.
Pediram para que eu falasse sobre a morte vista pela Umbanda. Desculpem-me, mas neste ponto a religião é cega. Ela não reconhece a morte, pois cultua a vida em todas suas manifestações. O umbandista entende isto, contudo isto não o torna uma pessoa insensível às suas perdas. Enquanto pendurava minhas roupas no varal, uma pequena luz se acendeu em meus pensamentos.
Todos dizem que as pessoas são materialistas no mundo atual. Podem até ser. Contudo, diante de uma lembrança de outros tempos, de uma outra vida vivida nesta encaranação mesmo, de filhos e netos que nascem, de pessoas amadas que desencarnam somos definitivamente espirituais. Temos que crêr que algo nos conduz e nos protege e principalmente que temos braços que nos amparam quando precisamos.
Quem já perdeu alguém que amava muito, há de concordar comigo. A dor que sentimos é algo lancinante. Nenhum consolo verbal é suficiente nesta hora. E então quando recobramos a respiração, nos pegamos em busca de sinais de vida de quem já se foi. Às vezes pode ser de forma discreta e íntima, as vezes mais contundente.
Temos que estar dispostos a ouvir, se queremos mesmo sinais. Porque nosso egoísmo as vezes nos ensurdece o coração. Nos 25 primeiros dias depois da morte da minha mãe, discuti muito com Deus. Eu não tinha nenhuma religião, mas sonhava frequentemente com pessoas que já morreram me passando mensagens. Pois bem, se podia servir para passar mensagens , porque cargas d'água não poderia recebê-las também? Deus ouviu muito por aqueles dias.
Um amigo havia me pedido apoio, porque seu filho havia nascido com paralisia cerebral.Consegui que uma pessoa maravilhosa fizesse fisioterapia de graça. Fiquei tão feliz que agradeci ao Divino, apesar Dele ter levado minha mãe(deixei claro!),a oportunidade de fazer algo legal por alguém que estava sofrendo mais do que eu. Era o vígésimo sexto dia do meu luto.Depois disso e me lembro bem, comecei a passar mal e me deitei. Em meus sonhos dei de cara com minha mãe e comecei a chorar muito. Ela ria e dizia : não venha me dizer você também que eu morri, ninguém entra aqui para me falar que ganhei na mega sena...Falando desse jeito, era ela mesmo.
Já fazem quase dez anos. Sinto sim falta dela, só que aprendi que não devemos ultrapassar o limite da nossa própria dor, porque fatalmente geraremos mais dor aos que nos são próximos.Espero sempre que ela me dê sinais, mas mãe sempre sabe a hora que um filho mais precisa dela.Só digo a vocês que , se perderam alguém que amavam, tenham certeza que só não os enxergam ,porque amor é algo eterno e indestrutivel.
Sou a favor mesmo de comemorarmos o dia de finados com alegria e festa.A morte não é para ser vista como algo macabro, nem seus entes queridos viram fantasmas.Devemos lembrar os momentos engraçados e felizes que passamos com os que já se foram do nosso campo de visão. Amor é vida eterna, deve ser celebrada.
A Umbanda é formada numa primeira vista de espiritos de negros, indios, crianças e exus,mas é muito mais do que isso. São, juntamente com os médiuns, espiritos consoladores, auxiliares da construção de uma nova visão, transmutadores de energias e pontes para nossa religação com a natureza de que fazemos parte.E enquanto os anjos não passam as mensagens que você quer ouvir vibre em amor e alegria. Tenham todos uma boa semana!