domingo, 28 de novembro de 2010

Firmando Um Ponto....

Andréa, eu não quero ver o Dyogo mexendo em minhas pedrinhas. Olha só, cada uma tem seu lugar aqui e não vou gostar nada disto. Falou muito séria uma fada, em um sonho que tive quando o Dyogo, meu filho do meio tinha 2 meses. A fadinha estava aqui na frente da casa do sítio, numa época que nem sonhava em vir morar aqui.
Meu filho cresceu, está com 11 anos, e na última sexta brigou muito sério, da forma séria que as crianças brigam, com seu irmão por estar usando uma calça dele. Não pela calça. Nos bolsos haviam pedrinhas e ele ia misturar tudo. Eram pedras da sorte. Não me lembro de algum dia meu filho não juntar pedras e não brigar pelas coisas justas, no ponto de vista dele. Está sob a energia de Xangô.
Já meu pequeno ,o Syrus, é distraido por natureza, se magoa facilmente  quando chega a prestar alguma atenção em quem lhe chama à razão. Trouxe do mato e guarda em seu quarto uma madeira que lembra um arco. Um dia diz que vai fazer flecchas para ele. É um pequeno Oxóssi. Foi da boca dele que também ouvi um grande ensinamento esta semana, eu e uma amiga. Ela estava muito triste. Ele percebeu a tristeza disfarçada e falou: acho legal o jeito das filhas de Yansã, é divertido as vezes. O que eu não acho legal é filhas de Oxum agirem como filhas de Yansã, isso vai contra a natureza. Filhas de Yansã são filhas de Yansã. Filhas de Oxum são filhas de Oxum. 
Todas as crianças são capazes de nos passar mensagens, por sua pureza. Esta minha amiga, sem ele saber , realmente é filha de Oxum e andava triste querendo empunhar uma espada ,quando na verdade sua resposta estava no espelho.Talvez estejamos tão embrenhados na mata de nossos pensamentos que não consigamos mais ler nossos próprios símbolos.
Nossa vida é ler ,interpretar e produzir símbolos. A escrita e a fala são símbolos. Eu creio que deveríamos estudar semiótica desde pequenos, na escola mesmo, mas com um linguajar mais acessível. Na umbanda , simplificando bem, a assinatura de distinção das entidades é o ponto riscado.
Em pontos de exu na maioria das vezes você identifica tridentes, por exemplo. Nada tem a ver com a figura demoníaca constituida a partir da Idade Média pela Santa Igreja Católica. O tridente é um símbolo milenar atribuído a Poseidon, deus dos mares e a princípio é o elemento que possibilita a pesca e a fartura de alimentos. Na religião hindu, logo depois, foi usado como arma de Shiva, representando a criação ,o ser e a destruição, ou a possibilidade de comunicar o passado, presente e futuro. Ainda sobre exus ,um dos símbolos que depois, e confio nisto, que acabar esta guerra no Rio de Janeiro terá o significado de proteção será o da caveira: morte e prisão para quem merece, proteção ao trabalhador.
Talvez um dos símbolos mais antigos seja o da flecha. Ele está representado nas divindades gregas Apolo e Artemis.Na Umbanda brasileira a linha dos caboclos, seja de Ogum, Oxossi ou Xangô, utilizasse em seus pontos flechas. Índios de todos os pontos do mundo sabem a máxima: uma flecha sozinha pode ser facilmente quebrada, mas num feixe delas se torna invulnerável. Portanto do Ocidente à China sabe-se que simboliza a importância da união. No mundo inteiro este símbolo é usado ,mas sua interpretação é feita conforme o contexto em que se encontra. Uma seta indicando uma direção numa rodovia, não indica logicamente a presença de índios no local. Um fato interessante que pesquisei é que o único lugar onde a flecha nunca foi usada como símbolo foi nas civilizações pré-colombianas ,onde usava-se um dardo lançado por uma funda.
Quando se mora perto da natureza e se depende dela o ser humano é obrigado a interpretar os símbolos. Pescadores sabem quando vai chover ou quando vai parar, não pelo estudo de metereologia,mas pela observação e ensinamentos passados pelas gerações. Assim como também em fazendas e sítios o pessoal da lida com animais e lavoura também sabem interpretar os sinais da natureza. Uma coisa eu sei, pois aprendi aqui: aranhas andando pelo meio da casa é um sinal de que vai esfriar, pois elas estão procurando abrigos mais quentes.
O estudar demais e seguir regras nos faz fechar nossas mentes para o novo.  A Umbanda como religião ainda é uma criança pequena, a interpretação de seus símbolos e a formação deles ainda está em crescimento. Para mim, cada vez mais , como uma vez falei em meu livro- Terapia do Pensar-Editora Juruá- a captação dos elementos que correm no inconsciente coletivo pelos médiuns com ajuda das entidades, se transformarão em mensagens educacionais e de força, cada vez mais importantes para estes tempos tão tumultuados. Talvez aí esteja um ponto importante: as entidades como auxiliadores da leitura de símbolos pessoais para que cada um com seu livre-arbítrio possa construir um destino, respeitando sempre sua própria natureza. Tudo isto tem me ajudado a educar meus filhos: o meu de Xangô sempre chamo a atenção para que evite julgamentos precipitados e o meu de Oxóssi sempre procuro falar sobre notícias dos telejornais, para se ligar um pouco em nossa civilização e seus acontecimentos. Quanto ao meu filho mais velho acredito que ele seja de Ogum, pois travamos juntos batalhas importantes nesta vida, mas ainda temos que aprender a conviver melhor. Quanto a mim mesma ,tenho buscado ficar relembrando que ter um temperamento explosivo não é um atributo e sim um defeito. E como tal deve ser doutrinado.
Lembrem -se também, fadas são lindas e pequeninas, mas podem também ser mal humoradas. Tenham uma ótima semana.

Aconselho se quiserem ter um dicionário de símbolos muito bom leiam: Dicionário Ilustrado de Simbolos de Hans Biedermann - Editora Melhoramentos.

Não esqueçam da campanha: Blog World Cicle: ONDE O MUNDO NUNCA PÁRA: CAMPANHA CRACK NEM PENSAR! http://t.co/cFQ1O72

21 comentários:

  1. Saudades de quando criávamos mos nossos brinquedos, tínhamos o cheiro da terra, a doçura e pureza dos sonhos. Este texto nos transporta pela sua leveza e por sentimentos contidos daquelas cuja alma não é abalada.

    Adorei

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  2. gostei muito, pois em muitas vezes a natureza da seus sinais mas nunca fazemos essa leitura como vc fez.
    realmente ser criado num sitio perto da natureza não tem infância melhor do que essa não!

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  3. A parte importante das religiões é a interpretação dos símbolos; dos seus símbolos, a bem dizer e cabe a nós adaptarmos nossa visão a essa forma de relação com a Natureza que parece ter sido esquecida pela humanidade quando, em determinado momento da história, afastou-se do animimismo ao ser-nos indicado como algo que estaria fora de uma interpretação religiosa/espiritual predominante.

    Hoje, o que vemos é a necessidade de novamente nos aproximarmos da Mãe Natureza para que possamos refazer essa relação tão íntima (somos feitos dos mesmos elementos que as árvores, por exemplo) para salvarmos também as nossas vidas.

    Abraços.

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  4. Teus textos são sempre uma oportunidade de conhecimento de um mundo novo que, embora real, é cheio de encantamento. Parabéns amiga... Que Deus envolva a ti, teu filhos e teu lar com vibrações de muita paz.
    @lucilene_b

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  5. Andrea
    Lendo e aprendendo....Não é a primeira vez que leio teus textos e penso: Já passei por isto! Quantas vezes olhei o símbolo errado? Quantas vezes, de tão enrolada com meus pensamentos, deixei de enxergar o verdadeiro sentidos dos acontecimentos. Obrigada...Não imaginas a leitura que fiz do texto e com se aplicou a alguns acontecimentos vividos. Beijo

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  6. Muitos ensinamentos, verdades simples, conceitos complexos explicados com simplicidade e amor.
    Sempre bom ler os seus textos, sempre tão edificantes!

    Parabéns!

    http://vazaante.blogspot.com/

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  7. Pensar, pesar, sopesar e discernir.
    A cada dia precisamos aprender a conjugar esses verbos na primeira pessoa, e um texto como esse só vem a confirmar isso. Conjugamo-nos em primeira pessoa a fim de aprendermos a praticar as duas faces da intolerância; a primeira é a passiva, isto é, quando por ela somos vitimizados; e seu viés mais presente, que é exatamente conjugar a. Intolerância na primeira pessoa.
    Horizontes: ser vítima sem vitimizar-se. Compreender que o próximo é alguém como você.
    Quando pratico o preconceito, e exercito-me diariamente para minimizá-lo, reflito acerca da seguinte questão: Onde moram meus monstros?
    Quando sou o alvo da flecha envenenada, procuro tentar entender onde estão os monstros do alheio. Se é alguém próximo a mim, geralmente percebo. No caso de pessoas mais distantes, fica mais difícil tal compreensão, mas convido-me a visitar meus monstros.
    Eles não são de todo ruins. Como um predador que analisa os movimentos de sua presa, com o tempo aprendi a prever os saltos e a domá-los. Acontece que alguns morrem e outros estão lá, me alimentando.

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  8. Gostei do texto, como sempre,esse lance da simbologia,de fato,é muito importante não só para decodificação do mundo, da Umbanda, mas para o nosso próprio auto-conhecimento, como você bem ilustrou...existem vários caminhos para interpretações dos diversos arquétipos, pra mim, que sou uma eterna aprendiz das cartas, o TAROT ainda é um belo representativo do simbolismo universal inerente a humanidade, assim como as orientações que nos propõe, basta tirar os véus dos olhos,esforça-se pra lê-los e compreendê-los,que é mais difícil,algumas vezes...

    Mas, oh, pelo menos sua amiga almeja empunhar a espada somente quando está triste...pior eu que sempre ando com ela amarrada nos braços,basta pisar no calo(risos)...não falo isso com nenhuma alegria ou orgulho,falo com pesar,enfim, apenas uma triste constatação(risos), quem sabe um dia consiga controlar meus ímpeto, quem sabe...

    AXÉ!

    Sua amiga do PARÁ. Alanna Souto.

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  9. Muy Lindo seu texto! agradecido @umbandave Pae Miguel De Oiá....Saravá

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  10. Quando era pequeno, ganhei um arco e flexa de meu pai, não era o destino, era minha origem, começo a entender o pq de ser filho de Xangô !
    Certas coisas precisam ser aprendidas e pareço que estou aprendendo...aos poucos..

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  11. Linda mensagem...
    Realmente a natureza por si só nos mostra o que devemos e não devemos saber, e muitas vezes nos remete a observarmos e chegarmos a fim conclusão de quem realmente somos.
    Abraços minha irmã e muito Axé.
    @Saulo_casifi

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  12. Quanto mais estudo e vivo Umbanda, mas vejo o quanto tenho que aprender “A Umbanda como religião ainda é uma criança pequena”...sim, nossa religião tem apenas 102 anos e fortemente acredito que muito ainda há de ser revelado( ou não). Muitos símbolos e sinais são mal interpretados, ou muitas vezes nem são interpretados pelos filhos de fé, que por crendices ou falta de orientação deixam de lado a essência simples e natural que rege a Umbanda. Tão simples ou natural como deveria ser a humilde de reconhecer um ponto de melhoria em nossa vida, e colocá-lo em prática, como você fez ao citar: “um temperamento explosivo não é um atributo e sim um defeito, e como tal deve ser doutrinado”. Parabéns pela coragem, que todos a tenham como exemplo.
    Umbanda é também um sinal claro de mudanças na vida de seus filhos, dos que se deixam mudar por esse energia de luz e amor.
    Amei esse texto, divino...
    Mais um vez, parabéns minha irmã!!! Eparrey!!!

    Angela – Luzes e Sonhos
    http://luzesesonhos.blogspot.com/

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  13. Os sinais,às vezes, passam
    despercebidos diante de nossos olhos
    procuramos respostas e não encontramos
    mas bastava olhar um pequeno sinal
    e teríamos a resposta para tantos tormentos.
    E com um simples, prestar atenção
    daríamos por encerrado
    tanto lamento e tanta aflição
    que nossas almas sofridas carregam há tempos.
    Almas sofridas,muitas vezes, feridas
    atormentadas por fantasmas da imaginação.
    Apenas um olhar, uma simples atenção
    a um sinal que diante dos olhos
    por muitas vezes passeiam
    e não enxergamos, pois, cegos somos
    em nossa própria distração.
    E o sofrimento se arrasta
    devasta as almas, machuca e judia
    por não prestar atenção
    a um simples sinal
    que diante dos olhos
    não chama a atenção
    mas que poderia
    ser a resposta perfeita
    para um sofrimento
    que machuca e não respeita
    a dor de um coração.
    quero estar sempre atenta
    ao menor sinal
    que surja diante dos meus olhos
    pois, estes sinais, que vem e vão
    na esperança que um dia
    alguém preste atenção
    para que; com sabedoria
    consiga ultrapassar as barreiras
    e se livrar da cegueira
    que tanto atrapalha
    a nossa evolução.

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  14. Oi amiga é parceira!
    como sempre seus textos me fazem refletir sobre assuntos que as vezes até esqueço que existe, quanto a nossa campanha, acho que estamos conseguindo um minimo que for, nossa luz e também as pelavras ajudam em muito, até aqueles que já estão perdidos, continue sempre com palvras de força pois valem muito. esse é o caminho bjocas.

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  15. Amiga querida, nós temos memso uma sintonia que transcende nossa distância física..ontem mesmo estava falando sobre "simbolos" que a vida dá com a minha irmã. Muitas vezes, na correira do dia-a-dia, em meio a avalanche de pensmanetos, iformações e situações que nos cercam, não percebemos a sutileza do plano espiritual tentando nos mostrar o melhor caminho, nos direcionando para a luz.Muitas vezes pedimos algo que achamos ser o melhor, mas a vida nos da outra coisa e no fim das contas isto sim era o melhor. Precisamos estar atentos, orar e vigiar, para que estejamos sempre receptivos aos ensinamentos da Mãe Natureza e dos Amigos Espirituais.Beijos de luz minha irmã.

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  16. Não dá mesmo pra separar a natureza do homem e muito menos a influência dos orixás em nossa personalidade e na missão que nos foi confiada nessa esfera.As pessoas confundem Exú com Egum e daí o medo, e as atribuições de maldades equivocadas à Exú. Enfim, esse universo é vasto e farto.
    Este ano de 2010 é um ano de Yemanjá e Oxalá, e mais justo que Oxalá não há. Como diz o ditado: Ele tarda, mas não falha. Começamos o ano com as tragédias naturais relacionadas a água e não parou durante os decorrer dos meses. Em todos os cantos do mundo ela se manifestou. E vamos encerrar o ano com Oxalá sinalizando mais uma vez a importância do respeto ao próximo.
    Aqui no Rio de Janeiro, com relação as operaçõs que estão sendo feitas contra os traficantes, Caveira foi convocado como um operário da justiça divina.
    Parabéns pelos textos.

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  17. Lindo como sempre!

    Tbm acredito q "O estudar demais e seguir regras nos faz fechar nossas mentes para o novo".

    Yo creo en las hadas =)

    Bjx
    @Vampireska

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  18. Bom dia!!!Estou longe de ser alguém com o "dom da palavra" como você e outros que já comentaram seu texto,mas vou deixar meu comentário.A Umbanda está deixando de ser vista (aliás mal-vista)como algo "marginal" ou "demoníaco".Ainda bem.É uma visão injusta.Assim como outras religiões,ela é uma "ferramenta"que Deus nos deu para entende-Lo,para nossa evolução pessoal e,por que não, da Sociedade como um todo. Todas as religiões tem seus "simbolismos",que particularmente vejo como uma forma de facilitar o entendimento. Como Cristo o fazia, através de parábolas.Para cada cultura,uma forma de ensinar.Basta ter "olhos de ver" e "ouvidos de ouvir".Não sou adepto da Umbanda,tenho muitas dúvidas e curiosidade.Estou aos poucos diminuindo com seus textos.Você consegue nos dar um pouco mais de conhecimento e ainda por cima mastigada...rsrsrs.Parabéns! - @obeduino

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  19. Me lembrei de algumas brincadeiras que praticava quando criança: Uma das preferidas envolvia pedras, pois minha rua não era asfaltada, e a prefeitura utilizava delas para evitar o barro. Era só o caminhão despejar as pedras, os tratores espalharem, que lá eu ia brincar, fazendo coleção das mais bonitas, brilhosas, transparentes, marrons... Chegava em casa com os bolsos cheios, e minha mãe (que ja entendia de algumas vibrações e afinidades mediúnicas) dizia, que legal filho, mas cuidado ao julgar as pedras feias. Eu não entendia nada, ou seja, da relação entre justiça e pedras... Kao meu pai.

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  20. Eu sempre me impressiono, para não dizer que adoro, o seu texto. É sempre fluido e você conta as histórias de uma forma que nos dá prazer em ler.

    Abraços.

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