sexta-feira, 26 de julho de 2013

Nanã e o DNA

Família tem umas coisas bem características às vezes, que com o tempo passam a fazer parte de nossas
memórias e da saudade também. Mãe quando fala braba que a gente é bem parecido com o pai, geralmente não é elogio. A ciência nos "apresentou" ao DNA, que nos mostra que nosso corpo é predestinado a algumas coisas. Cor de pele, cor dos olhos, traços de fisionomia, são pequenos detalhes de um enorme histórico, de milhares de séculos que trazemos, aperfeiçoamos e transmitimos aos nossos filhos.
A ciência é uma mãe que pode dizer que nosso corpo é destinado a alguns tipos de doença que têm poder de limitar nossa vida, do mesmo modo que pode nos indicar os remédios e intervenções necessárias para melhorar e aumentar nossa expectativa de longevidade. No entanto, entre uma coisa e outra, há nosso poder de decisão.Se há em nossos cromossomos a possibilidade de nos tornarmos diabéticos, haverá a possibilidade de evitarmos que a doença se instale -dependendo do grau- em nossos corpos com dietas naturais.
Note o que eu usei - haverá a possibilidade de evitarmos que a doença se instale- porque dependerá , logicamente,do pensar do indivíduo. Há uma série de variantes que pode fazer a pessoa não aceitar a verdade ,mesmo que ela tenha a verdade tatuada em seu DNA. Então no uso de seu livre arbítrio, o ser humano, pode aceitar ou não o destino que sua genética impõe, como também é detentor da possibilidade de melhorar a espécie. Meus caros leitores, quer queiramos ou não, ainda sobrevive em nós instintos que nos levam a procurar pessoas para "procriar" e "melhorar" nossa espécie geneticamente, embora seja bem sutil no meio deste mundo conturbado.
Creio que tenhamos um DNA espiritual também, que da mesma forma que o físico, nos predestine a algumas coisas,mas que nunca limitará nosso livre arbítrio. Reza a lenda que nossas almas foram moldadas no barro de Nanã, Orixá que está tanto no princípio como no final de nossas vidas, como diz este texto que eu achei mais apropriado:"Pertencem a Nanã os búzios, que simbolizam morte por estarem vazios e fecundidade porque lembram os órgãos genitais femininos, entretanto, o que a melhor sintetiza é o “grão”, pois, além de Nanã possuir domínio sobre a agricultura e desenvolvimento do homem, todo “grão” tem que morrer para germinar. Nanã é que dá nascimento às sementes permitindo transmutação e transformação contínua para que nada se perca.

Nanã é considerada a Divindade da Lua Escura, essa Lua também é chamada de fase Balsâmica que tem como atributo a energia passiva, receptiva e libertadora propiciando o esquecimento do passado para se direcionar ao futuro. Assim, como Nanã Buruquê, libertar o passado para iniciar um novo ciclo, com consciência e clareza."*
A reencarnação é a possibilidade do amadurecimento do nosso DNA espiritual. Há coisas ,em nosso espírito, que não se consolidam em uma vida só. Eu acredito em almas predestinadas, que trazem missões de amadurecimento tanto para si mesmas, como para um grupo ou uma cultura,mas também têm como principal motor propulsor o livre-arbítrio. Se Hitler houvesse usado sua grande mediunidade no sentido contrário ao que tomou a história poderia ter sido diferente, assim como se Chico Xavier houvesse se negado a entregar sua vida à caridade, ou mesmo Zélio de Morais, não estaria aqui escrevendo.
Somos todos elos do DNA infinito de Deus. Por vezes nos unimos em grupos diferentes que nossas famílias com os quais temos mais afinidade, muito embora nosso real aprendizado venha de sabermos lidar com relações difíceis.A purificação e a evolução de nosso DNA espiritual só é possível com o entendimento pela fé do que é o amor, fraternidade e a caridade, através das mais diversas experiências neste sentido.
Como umbandistas precisamos entender a energia de cada Orixá, mas também escutar a voz da sabedoria em cada entidade. Nas palavras proferidas há a energia das águas doces e salgadas, dos ventos, do fogo, da terra mãe e da solidez milenar das pedras, elementos transformadores e edificadores.
Nas comemorações à Nanã que seja nos dada a possibilidade de transmutar nossos pensamentos para que nossa haja progresso espiritual e que ele não somente nos atinja,mas à humanidade como um todo. Saluba Nanã!





sexta-feira, 19 de julho de 2013

Disciplina e Umbanda

Meu querido, acho fantástico que você ajude o seu pai a fazer novas leis, mas nosso problema no momento é fazer com que você cumpra as já existentes neste Colégio...A resposta foi dada a um filho meu que quis impressionar a coordenadora, em mais uma ida ao seu gabinete. Adolescente é assim mesmo: tem que contestar, argumentar, mas ainda não tem experiência suficiente para entender seus próprios equívocos. Disciplina é um norteador importante nesta fase. Tudo tem seu tempo certo, então a quem tem mais tempo é preciso discernimento para saber explicar com paciência,não basta dizer apenas que sabe mais.
Uma outra amiga minha falou estes dias que o lado "fofo" dela era Clarice Lispector. Tive que informar que Clarice nunca foi "fofa", ela era tão intensa quanto Yansã. Não que ela fosse obrigada a saber,pois hoje se faz leitura rápida feita apenas com frases soltas no Facebook.
É neste ponto que entro no meu assunto predileto: a Umbanda. Muitos sabem da Umbanda tanto quanto minha amiga sabe da Lispector, mas o que é pior, há outro tanto de gente que age como meu filho: querendo fazer mais leis, enquanto as já existentes são renegadas, porque o que está valendo é inovar.
Não sou contra inovações, até porque em termos de espiritualidade, quase tudo já existe ou existiu. Cada um segue a linha que mais é adequada a sua energia,mas cabe ao dirigente de cada casa ensinar cada filho de corrente da melhor forma possível. Sei que ninguém, nos dias atuais, pode dispor de muito tempo para seus filhos de corrente,mas são informações essenciais que vão evitar que o médium chame alguma Pomba Gira de "fofa".
Umbanda é séria, pois envolve necessariamente o tratamento da dor do próximo, seja ela qual for. Entender que mediunidade não é qualidade e sim funcionalidade, como sempre falo, também é essencial. Há muita coisa a aprender, mas é preciso não tornar a Umbanda inacessível, porque seu fundamento é fé, caridade e humildade. É necessário saber, mas o excesso de conhecimentos também é perigoso- assim como qualquer forma de poder sem equilíbrio- pois torna os incautos em arrogantes.
Rogo aos pais e mães de santo, que sejam realmente pais e mães. Sustentem seus filhos com o pão do conhecimento que têm, para que eles multipliquem as bençãos da Umbanda em fé fundamentada. Abençoem seus filhos de corrente com o conhecimento pleno da caridade, que começa no próprio médium. Cubram cada médium com o manto do amor dos caboclos, dos pretos-velhos e dos erês.
Aos médiuns cabe também o esforço do aprendizado, as entidades ensinam muito ,mas é preciso entender o que dizem e isto leva um certo tempo. Eu sempre falo que , por fazer psicografias, sempre tive o cuidado de prestar bem atenção: "vou te cobrir de ouro" e "vou te dar um couro" soam iguais ,mas são duas coisas bem distintas. Um querido pai de santo de São Paulo estes dias postou em minha página um desabafo: os médiuns não se preparam mais para as giras, talvez "por falta de tempo". Tão importante quanto a gira é a preparação, os cuidados que antecedem e os cuidados pós gira. É necessário, e sempre será, que sejam feitas as firmezas com anjo da guarda e com seu Orixá, os banhos de ervas. Há também os jovens médiuns que ,após a gira, vão aproveitar as baladas, que acabam por resultar em problemas invariavelmente.
A Umbanda "cobra" antes de tudo firmeza em nossos propósitos. É de extrema importância que ,de vez em quando, nos perguntemos o que esperamos da nossa atuação na religião. Seja qual for nossa posição dentro de uma gira, se a resposta for diferente de uma atuação pela fé, amor e caridade através da fraternidade, da paciência e do discernimento é melhor se afastar e buscar equilíbrio ficando na corrente.