domingo, 20 de julho de 2014

Umbanda é Vida!


Foto Mathias Daniele
Vendo um destes documentários da tv a cabo, diziam que os tambores em diversas religiões do mundo tem a capacidade de alterar a estrutura do DNA. Tudo comprovado cientificamente. Dizem que cada cérebro tem a capacidade de "entender"um ritmo, uma tocada diferente. Não sei o quanto há de verdade neste estudo científico, mas sinto ,a cada vez que toca o barravento fico mais próxima do que sou.
Todo ritual religioso tem uma fundamentação, e a Umbanda é rica em detalhes e poucos tem tempo de prestar atenção.Infelizmente,na maioria das vezes, estão mais preocupados e ocupados com coisas mais "terrenas" nas giras, mas sempre há o que se aprender. Uma das nossas raízes, os nagôs, diziam que existiam nove planos. Entre os quatro superiores e os quatro inferiores, havia um plano intermediário que se localizava no espaço ocupado por nosso planeta; esse seria o plano astral terrestre. Era através desse espaço que chegavam a Terra os Orixás e ancestrais vindos dos vários outros planos.
Surgiam, pois, para os nagôs, os orixás e ancestrais de dentro da Terra. Assim, quando desejam chamar os Orixás, os nagôs tocavam três vezes o solo (após o nome de o orixá ser pronunciado).
O solo diante dos tambores também era tocado (antes ou depois de tocarem com os dedos o próprio atabaque), afinal, quem chamava (através do som) os orixás eram os tambores.O solo era sempre tocado três vezes; o três representa na cultura nagô ação, movimento e expansão… Tocar o solo três vezes era o gestual que significava o “assim seja”, o cumpra-se. Então quando, por exemplo, o nome de Ogum pronunciado, todos tocavam três vezes o solo; “assim seja”, “que Ogum venha até nós”… Diz-se que Yansã é aquele que se divide em 9 porque, evidentemente consegue "passear" nos nove planos.
No Brasil, os africanos, para consagrar o solo, para transformar o terreiro em uma pequena África, enterravam relíquias trazidas de lá, transformando ritualísticamente o solo brasileiro em solo africano ,ou seja o solo dos Orixás. Hoje as firmezas são enterradas nos terreiros com a função de proteção e irradiação destas energias, principalmente das entidades regentes.
Certa vez eu assoprei uma vela e alguém me falou que não deveria fazer aquilo, pois movimentava uma energia que não era apropriada. Falou algo sobre Yansã ,mas não tinha muita certeza. Não só na umbanda ,mas em várias religiões que utilizam velas elas jamais são apagadas com sopros e a justificativa é uma só: ao usarmos este meio para apagar as chamas, estamos querendo que a sua irradiação termine. Deus ao criar o Universo o fez com o seu sopro divino. E através desse sopro criou a luz, então, não devemos usar a mesma forma com que o Criador usou para extinguirmos a luz das velas. Ao ser extinta pelo abafador, nós simplesmente mudamos sua manifestação concentrada. Ela estará sendo absorvida na sua fonte. Quando extinguimos a chama da vela com um sopro há um simbolismo de que desejamos desintegrar a chama com a intenção de fazer com que ela não mais exista como luz. É considerada uma forma profana de extinguir a chama de uma vela. Até mesmo na antiguidade havia um simbolismo representado pela vela, no que diz respeito à sua substância. Eram confeccionadas exclusivamente de cera de abelha e que elas juntavam o mel sacrificando suas vidas.
No Terreiro da Vovó Benta, em Curitiba, após a defumação há a distribuição de pedaços de pão com ervas diferentes a cada gira, com o intuito de limpeza interna e preparação para o ritual que se inicia.É realmente muito lindo e significativo. É legal saber todas estas coisas e vivenciá-las, mas a magia verdadeira meus queridos só ocorre mediante a qualidade das emoções, das palavras e gestos, dentro e fora da gira. O que importa mesmo é fé, amor, determinação e certeza de que há muito mais entre nosso saber e o Amor que vem do Divino. Saravá!