domingo, 23 de fevereiro de 2014

Orixá Regente de 2014

Fiquei um tempo sem girar por aqui. Tinha coisas a dizer, mas preferi deixar as palavras lá em Aruanda, repousando enquanto eu observava. É sempre bom fazer isto: na dúvida, observe. Faça na vida como se estivesse num destes jantares com diversos talheres: observe os outros comendo e só depois - se não tiver prática nem conhecimento - faça como os outros. É o melhor jeito de ser aceito.Depois de um tempo de prática com os talheres, seja feliz: arregace as mangas e coma pedaços de frango com a mão.Parece incoerente ,mas não é.
Estes dias li postagens de médiuns falando que o fumo e o álcool deviam ser abolidos da Umbanda. Médiuns que nunca trabalharam com estes elementos, pois estão em desenvolvimento. Também acho que a hóstia deveria se abolida e os adeptos do candomblé não deveriam fazer seus sacrifícios para os Orixás, MAS - bem assim em maiúscula, eu não tenho entendimento suficiente para dar tais "pitacos".
Eu sei da Umbanda, pouco ainda, mas já me arrisco a arregaçar as mangas e comer sem talheres. É justo um pai de santo pedir que haja menos consumo de álcool, até por problemas no pós gira, quando alguns médiuns tem que dirigir.
Sou adepta a mudanças. Mudança é condição sine qua non para evolução. Estamos atravessando um ano que, como muitos dizem, é regido pela energia de Xangô/Yansã. Ação/Reação dentro da lei para evolução. Ano passado regido por Omoluh, não foi fácil. Idéias antigas tinham que desaparecer para haver espaço para o novo. Então eu digo a vocês, Xangô vem com as leis e Yansã faz com que elas tenham êxito. Sem lei, não há como reger toda uma evolução de comportamentos.
Na Umbanda a Lei regida por Xangô não é a escrita em palavras, normatizada por nosso entendimento humano, nem tão pouco a execução de Yansã é descritível. O raio e o trovão ocorrem ao mesmo tempo,muito embora, por problemas que a física explica, são compreendidos em tempos diferentes. Raios e trovões são "compreendidos" em qualquer língua, em qualquer lugar deste planeta. Da mesma forma, com o tempo , você começa a entender a atuação destes Orixás.
Para entender Orixá é necessário absorver com a alma a natureza. Para entender uma gira, é necessário sentir com a alma os movimentos feitos pelas entidades. Leva um tempo,mas não é impossível.  É necessário observar,e aqui volto no jantar com muitos talheres. É lógico que o estudo é importante, mas a observação com a alma é instrumento edificador da fé.
Queria muito, durante este tempo que me ausentei, falar da Umbanda e sua essência, do que é necessário e do que não é. O que a gente quer de coração, vem nos ventos deste universo enorme de bençãos dos Orixás.Reza a lenda que Yansã, muito curiosa, queria saber o que havia embaixo das palhas de Omoluh. Soprou seus ventos e descobriu um moço lindo, Obaluayê.
Sopraram os bons ventos em minha vida e hoje conheci um umbandista lá de Minas, o Matheus Gonçalves, filho de Obaluayê, Orixá que aqui no sul não é cultuado na Umbanda. Ele tem um blog onde fala sobre Umbanda, fala com carinho das entidades que trabalham junto com ele, fala do amor à religião. Fiz este texto hoje em homenagem a ele, como grande aprendizado que nos traz com a sua fé e com um pedido claro para que escreva cada vez mais, pois todos nós precisamos da visão que ele tem da nossa religião.
O Matheus é deficiente visual e por isto mesmo só ele é capaz de ver quem realmente somos , trazendo a cura através de Obaluayê de nossas mazelas mais profundas: aquelas causadas por nossos egos. Que Xangô e Yansã te protejam e abençoem em todos os seus caminhos Matheus!

Para acessar o blog do Matheus:

http://www.falando-de-umbanda.blogspot.com.br/