segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Proseando


Aí, pensei: logo eu meu Pai Divino , que sou defensora da natureza, querendo exterminar essa flor. Há dez dias ruim por causa de uma pequenina flor branca chamada Dama da Noite, associada a uma baixa umidade de ar, meus neurônios já estão em curto. Estou querendo eu mesma, com meu fiel facão, ir cortar a touceira de onde provém todos meus males...
Hoje pela manhã leio uma matéria muito boa. De autoria do biólogo Kentaro Mori , no blog Sedentários. Falava sobre controle mental por parasitas, que em alguns casos podem induzir ao suicídio alguns pequenos animais, mas em especial se ateve a Toxoplasmose. Em ratos ela se propaga da mesma forma que nos humanos, e os controla a tal ponto de fazer com que mude seu comportamento instintivo. Tudo isto para que o rato se aproxime do gato e então este minúsculo e invisível Toxoplasma gondii possa se reproduzir de forma sexuada em novo hospedeiro. Em uma outra pesquisa , mulheres com toxoplasmose foram identificadas como mais afetuosas, inseguras e persistentes. Já os homens, mais ciumentos e menos interessados por novidades.
Isso é uma coisa séria. Porque caminhamos sobre esta terra, propensos a uma série de influências. Quer você queira ou não o que movimenta realmente o mundo é invisível, mas o que nos protege definitivamente é a sabedoria. Sabedoria também não é palpável, mas é adquirida , pena que não de forma contagiosa.
Já pensou quanto tempo leva para você controlar sua própria mente? Tem gente que ainda tenta controlar a dos outros.Vejo uma infinidade de programas televisivos com esta finalidade. O mundo se movimenta nas ondas de culturas que modifiquem o pensamento original e perder o link com o Divino , no meio disto tudo não é difícil.
Há muito tempo não pisava em um shopping. Fui passear em um no sábado. Como passeio foi muito bom, mas como reflexão foi melhor ainda. Sobre mim mesma. Hoje para me deixar levar pela idéia dos outros é bem mais difícil. E não é só isso. O “me deixar levar” pelos meus próprios pensamentos também está começando a ficar mais crítico. Não busco a perfeição, nem sou tão legal assim, mas observar, absorver e analisar é necessário.
Temos que ter certeza que a casa está bem fundamentada, antes de nela residirmos. Isto é instintivo. Se pensarmos que nossa mente está conectada a tudo neste universo sem porteiras fica mais fácil. Somos responsáveis por nossos pensamentos.
Tenho ouvido muito pessoas que se debatem em seus próprios pensares. Geralmente na busca do alívio de suas frustrações com relação ao próximo.Desculpa a dureza de minhas palavras das pedras de Xangô, mas se o ‘próximo’ morre onde se fundamentarão seus pensamentos? Volto a citar o Pai Bitty novamente: nós somos nossos maiores obsessores .
Na Umbanda, hoje em dia, há várias correntes. A que pratico é a Umbanda Pés no Chão. Assim mesmo. É a filosofia do Terreiro do Pai Maneco. Por que isso? Porque lá médium não é super herói, nem astro de rock. Não que o rock seja tuim, pois como fala a Mãe Lucília Umbanda é muito rock’n roll. O que quero dizer é que somos conduzidos a pensar e analisar os fatos, apesar da orientação, por nós mesmos, sempre centrados na caridade, na fé e no amor ao próximo. Temos livre arbítrio e somos por isto responsáveis pelo que fazemos. Um médium extravagante na forma de agir, não exerce a humildade e assim sendo, como poderá passar a mensagem sem ruídos do seu ego?
Nesse ponto a religião é fundamental. Não só como ferramenta de consolamento, mas como diretriz e purificação do pensar.
Um bom médium é aquele que vigia seus pensamentos e as atitudes que provém deles. A mente está sempre em processo de aprendizado, independente da idade que você tenha. Saber quem ouvir é importante. E aí chega o ponto em que tenho que dar meu pitaco: tenha atitudes positivas, construtivas, mas cuide com a linha pensamentos positivos. “Hoje vou conseguir aquela promoção “ ou “Hoje vou ganhar na loteria” podem até ser pensamentos legais, mas que precisam de uma série de fatores para que ocorram. Seus pensamentos tem a força das ondas, mas sempre é bom evitar a ressaca das frustrações. Um bom sorriso, uma conversa leve, um espírito calmo são imãs para felicidade. Obrigada pelo dedinho de prosa.

A foto postada aqui foi brilhantemente produzida por Fernanda Grigolin. Para saber mais sobre ela e seu trabalho fantástico acesse:
http://networkedblogs.com/7l7oh

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Presente



Meu avô era um contador de histórias, ou estórias, como preferirem. Juntava jovens em torno de si na sapataria que tinha e ficava a contar seus “causos”. Na evolução, seu filho, meu pai, se tornou um contador de histórias da cidade de Curitiba, através de seu acervo fotográfico.E eu aqui começando a contar meus “causos”, talvez um pouco como meu avô e um pouco como meu pai. Se é hereditário eu não sei, pois meu tio e meus irmãos não contam histórias e não sei se gostam de lê-las. O fato é que os Destefani são na verdade grandes questionadores. Vejo pelos meus filhos.
O mais velho depois da primeira semana estudando numa escola católica, na primeira série, chegou muito brabo com a tal Bíblia. Quem iria ler aquilo? Muita coisa pra guardar. Então sentou-se a mesa e fez a sua própria. Com sete mandamentos. Levou umas quatro horas pra fazer. Temos guardada até hoje. Pois bem, nas férias de julho meus dois filhos mais novos foram à uma Colônia de Férias Evangélica, a pedido da avó deles. O do meio gostou, inclusive falou que queria ir no terreiro acender uma vela pra Ogum em agradecimento por ter se divertido tanto. O mais novo demorou a falar sobre o assunto, mas estes dias fez seu pronunciamento: veja bem Mamãe como é que eles querem que as pessoas acreditem na Bíblia se começam falando que o mundo foi criado em sete dias? E toda a evolução onde fica? E o meteoro, e o “bing-bang”(foi assim que ele falou) eles não sabem o poder de Deus na natureza. Religião não pode falar de coisas absurdas né mamãe? Realmente não pode.
Não falo tudo isto para contestar a Bíblia. Jamais faria isso. Estou mostrando que espíritos afins acabam por se agrupar em famílias, até por uma questão de proteção. Não que isto facilite o convívio, mas é mais fácil compreender. Na vida também procuramos quem se adapte à nossa faixa vibratória, quase que instintivamente.
Diga-me com quem andas e te direi quem és. Nada mais verdadeiro. Somos imãs em potencial. Não pense você que seus amigos o salvarão se você estiver numa faixa muito baixa. Subir ou descer em energia só depende de nós mesmos.
Nós médiuns, de qualquer religião, temos um grande problema. Aprendemos depois de um certo tempo que não podemos dividir tudo o que vemos e sentimos. É uma experiência pessoal e na maioria das vezes precisa de um tempo para ser plenamente entendida. E vou usar aqui uma máxima, que desculpem o trocadilho, eu acho o máximo ”Essa marca que trazemos em cima dos lábios superiores é a marca do dedo de um anjo de Deus, que nos disse antes de encarnarmos: não fales tudo o que sabes!”
É um processo as vezes solitário, mas deve ser assim. Falar de coisas não muito boas que sentimos e não entendemos perfeitamente, pode interferir no processo de vida do próximo e na nossa.
Chico Xavier foi um grande médium, mas é na sua velhice que a gente sente a paz no seu semblante. Imagino os ataques que sofreu, tanto de fora para dentro, como de dentro para fora. Ele era um ser humano vivendo uma experiência terrena. Fico aqui pensando se ele, em sua maturidade iria discutir assuntos espirituais na TV, como fez em 1971 no programa Pinga Fogo. Foi bem importante a sua participação na época e o registro disto é história inegável de nossa evolução. Falo que lá no ápice de seu conhecimento espiritual, não importava mais aparecer e sim ajudar sempre.
Tenho ainda muitas perguntas sem respostas. Acredito que até meu painho, homem que já possui 50 anos dentro da espiritualidade tenha seus questionamentos, não quanto à religião, mas aos movimentos espirituais, em um nível que eu não entendo ainda. Hoje eu sei que algumas perguntas só podem ser respondidas por nós mesmos e pelo tempo.
Vou falar o que aprendi na Umbanda. Se você não está bem , está de humor alterado, não alimente este estado de espírito. Não despeje nos outros. Volte às origens e se recarregue. Somos parte da natureza, então devemos nos recarregar nela.
Precisamos , durante toda nossa vida, constantemente nos aproximarmos do Criador e nos recriarmos, reciclarmos nossa energia de forma a que a cada movimento que nos faça baixar em vibração comecemos outro movimento que nos faça levantar, melhores do que no momento que caímos. Não é fácil, mas é necessário. Estamos numa contínua evolução.
Pedi ao Marcelo Dalla, um grande ser espiritualizado, que fizesse uma mandala com as cores dos Orixás, que são as forças da natureza, que usamos no Terreiro do Pai Maneco.
O branco é Oxalá, azul Yemanjá, amarelo Oxum, verde Oxossi, vermelho Ogum, laranja Yansã e marrom Xangô. Esta mandala é um presente para você que me lê. Quando não puder estar em contato com a natureza, não puder por os pés na terra, nem tomar banhos de ervas, olhe para esta mandala e lembre dos elementos que o Divino colocou nesta terra que habitamos. Espero que seja um link poderoso para você recuperar seu bom humor, ferramenta essencial para nossa evolução.

Agradeço imensamente a todos que têm colaborado com este blog, de maneira direta ou indireta.
Para entrar em contato com o Marcelo Dalla:
http://www.marcelodalla.blogspot.com/

Um blog para você saber mais sobre ervas, que vai trazer muitas novidades:
http://coisadeboticario.blogspot.com/

Um agradecimento especial ao Luciano Nunes.
http://lucianonunes007.blogspot.com/

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Sonhando Estrelas



Uma figura era Frei Miguel. Frei capuchino que atendia na Cidade Industrial de Curitiba. Uma figura franzina, um médium maravilhoso, consultado por muitos daqui e de fora. Falecido há treze anos, lembro-me sempre de sua marca registrada: um humor sem precedentes. Sobreviveu à Segunda Guerra Mundial e ao campo de concentração, e dizia que o bairro que morava tinha tudo de que precisava para sua missão nesta terra: farmácias, supermercados, drogados e arrombadores. Uma verdadeira maravilha. Uma vez perguntado se era milagroso, olhou para mim e disse: sou mesmo, não conheço mais ninguém que goste de Kisuco de uva. Fazia questão de mostrar seu túmulo. Construído estrategicamente para que as beatas que insistiam em pegar no seu pé caíssem num fosso quando se ajoelhassem em volta dele.
Onde há um médium, sempre há alguém querendo saber alguma coisa. Na Umbanda, não há beatas, mas um tipo bem comum ao que me incluo: os contadores de sonhos. O sonho tem nuances tão pessoais que dificultam às vezes seu pronto esclarecimento. No meu entendimento, o espírito se depara com informações que fluem pelo ar que são codificados pelo cérebro através de elementos conhecidos. Às vezes são apenas sonhos mesmo, é o nosso HD mental dando uma esvaziada.Pais e Mães de Santo os escutam aos montes. Se houver uma mensagem em um sonho, o tempo se encarrega de mostrar.O meu lindinho sonhou um dia que estava com a Sandra Bullock, mas no sonho seu grande desejo era ficar com a Clementina de Jesus. Acordou assustado....
Nossa mente nos prega peças. Temos que estar munidos sempre com bom humor para enfrentá-las. Aqui, para as crianças, qualquer barulho anormal numa noite de lua cheia só pode vir de um lugar: a mula-sem-cabeça. Um espírito vagando é uma coisa compreensível para eles, uma mula-sem-cabeça é o fim anunciado dos tempos.
Gosto dos sonhos mais profundos. Aqueles produzidos por sonhadores acordados. Sonhos que surgem de idéias que brotam em cérebros pré-destinados a traduzir sinais como setas para seguir adiante.
Toda idéia tem vida. Às vezes efêmera, às vezes tão sólida como o Everest. Idéias são assim mesmo, tem que ser escaladas, para lá de cima visualizar toda a extensão da mesma. E daí é só descida? Não. Idéias do tamanho de montanhas tem várias faces e nos dão asas. Melhor até do que aquela propaganda do energético. Recebem as benesses das energias que circundam os que originalmente são puros em suas intenções. É difícil subir montanhas. Seus pés podem se apoiar nas pedras coloridas do ego e lá vai você para o chão de novo. A escalada tem outros problemas, mas invariavelmente eles partem de você mesmo. O importante é não deixar eventuais fracassos e sucessos nos impedirem de ir além. Nem acabarem com seu bom humor.
Tenho o maior respeito quando piso no Terreiro que freqüento. Ele foi um sonho do pai Fernando Guimarães. A parte concreta é muito grande de fato, mas a imaterial, a que trata da base da montanha, onde estão fundamentados os parâmetros de filosóficos do próprio Terreiro este não tem medidas para delimitar.
Para quem não conhece, em todo terreiro há um lugar especial onde se enterram os elementos pertinentes da entidade comandante do mesmo. É a segurança do terreiro. Como todo ritual encerra em si um propósito. Como cada um tem uma interpretação diferente de um mesmo sonho, então me permito traduzir a vocês o que eu vejo. As armas do guerreiro enterradas são o adubo, que fortalecerá e protegerá a semente das idéias do dirigente daquela casa. Essa semente se desenvolve, cresce e dá frutos continuamente. Apesar de alimento abundante há os que não gostam do sabor, há os que comem mais do que deveriam, há os que mesmo com fome, não se prestam ao trabalho de colhe-las. É o livre arbítrio. Levei um tempo para entender o que fazer com esses frutos. Hoje escolho os melhores, como até saciar minha fome e coloco aqui frutos iguais, à disposição de quem quiser.
Então chego aqui a mais uma conclusão que não tem nada de fim, mas de meio. O mundo não precisa só das montanhas, mas também de planícies vastas onde as montanhas sejam vistas também à distância. Os sonhos concretizados para o bem do próximo, por vezes não tem um tamanho material muito grande, mas há muita energia invisível envolta nele. Os sonhos dos outros não precisam ser decifrados e esmiuçados, até porque você pode ser devorado por estes pensamentos. Enquanto os seus não se erguem no horizonte, seja a planície onde os ventos sopram a prosperidade e nos propiciam novos sonhos.
E depois de construir e propagar o bem, da forma que você souber e puder fazê-lo, depois de virarmos pó, quem sabe não nos encontremos nessas nebulosas cheias de energia do Universo, que mais parecem retratos de um sonho Divino...



Foto generosamente cedida pela Nely Rosa.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Em Paz com a Liberdade

Meus filhos sofrem. Tem que pensar muito para falar. Meu bebê de nove anos veio me pedir, com aquele ar autoritário de todo caçula: Ano que vem vou para a quinta série, então posso ir sozinho né? Não pode não! Por quê?- ele me pergunta com aquela cara de quem não acredita no que está ouvindo. Simplesmente porque podem roubar você. Ah, eu nunca tenho dinheiro, ninguém vai querer me roubar. Vão sim, você inteiro, você é muito lindo. Ah mamãe, você está exagerando! Você também está bebê! Eu sou macho! E eu a fêmea dominante, então acaba aqui a conversa. Ok, então vou falar com papai.
Não importa a idade. O ser humano está sempre buscando a liberdade, ou pelo menos a sensação que ela traz. Sabe aqueles desenhos onde aparecem fantasmas carregando pesadas correntes? Não acho certo. Nunca vi ,nem sei de caso algum de aparições que carregam correntes, contudo já vi encarnados arrastarem correntes pesadíssimas sem se darem conta.É assombroso.
As filosofias hindus falam do não se apegar a nada, nem a ninguém. Além de difícil, este o qual eles chamam de único caminho para libertação, nos livra também da vivência em si. Não tenho conhecimento para discutir as filosofias orientais. Estou presa a outro tipo de idéias.
Qual é a diferença que há entre um ser humano escravo numa fazenda no nordeste e uma pessoa que acha que o carro é extensão do seu corpo? Nenhuma. Perder um retrovisor, como ocorreu estes dias, e matar por conta disto um pai de família não é culpa só da bebida. Não sou a favor do alcoolismo, sou a favor da consciência de nossas limitações. O fazendeiro que priva a liberdade do próximo está satisfazendo um desejo igual ao do assassino daquele pai trabalhador.Sou a favor de descobrirmos o que há dentro de nós, e o que nos move para a esquerda ou direita. O desapego talvez seja um caminho mais fácil, mas vejo nele uma ponta de falta de humildade. Nossas reais experiências nesta vida, e a reação a elas, nos dizem quem somos.
Veja, nada neste mundo está em desequilíbrio, se Deus é perfeito em sua Criação. A Doença e a Cura foram criadas no mesmo dia. Há proliferação de maldade, em atos escabrosos cometidos pela raça humana? Há. Então, em algum lugar há pessoas comprometidas no bem comum. Elas não aumentam o índice de audiência na mídia. Todo mundo é bom até prova contrária, assim sendo por que mostrar coisas óbvias?
Não entendo certos raciocínios.
No dia 25 de Outubro de 2009, entre noticias que precedem as partidas de futebol, fomos surpreendidos por mais um fato que estarreceu a sociedade paranaense: o atropelamento do estudante de direito da Faculdade de Curitiba - João Henrique Mendes Xavier Viana, 21 anos, na saída de um estádio na Cidade de Curitiba. Filho da umbandista Ana Maria Mendes, que faz parte da gira que freqüento.
Já falei outras vezes que a gente só busca a paz quando se está em guerra. Para isso se precisa de alguns elementos: um bom filho de Ogum disposto a abrir caminhos, um filho de Oxossi para mediar e uma filha de Yansã para espalhar pelos 4 ventos.Pai Fernando de Ogum abriu espaço no blog, O Sidney de Oliveira, filho de Oxossi, reproduziu em um texto o pensamento umbandista no Manifesto pela Paz e pela Cidadania, o qual foi enviado a todos os políticos do Paraná.
Apenas um político foi solidário em um ato concreto, o Deputado Estadual Caíto Quintana, que nem umbandista é, mas que certamente representa bem o espírito público. Instituiu no calendário oficial o Dia da Paz entre torcidas organizadas – será sempre no quarto domingo de outubro, em homenagem ao João. Estamos organizando para que neste dia o uniforme de todas as torcidas seja uma camiseta branca.
Nesta segunda ele esteve no terreiro. Aí conclui este texto sobre liberdade que estava sendo digerido pela minha alma. Foi exatamente quando a Ana Maria Mendes mostrou a Cura. Um grande médium umbandista é aquele que consegue transmitir o que aprendeu dentro do terreiro e usar desta força para transformar. E há realmente magia nisto. A Ana faz parte da corimba. Ela está lá sempre cantando os pontos. Quando ela começou a falar todos os anjos do terreiro sentaram em volta dela enquanto nós da corrente só sentíamos a força que dela emanava.. Ela agradeceu pelo Deputado ter feito a lei de conscientização, pois os pais tem direito de dar tchau para os filhos que vão se divertir numa partida de futebol, e vê-los voltar felizes pela diversão. Citou alguns pais ali presentes que têm filhos freqüentadores dos mais diversos times. E terminou, altiva e sorridente, agradecendo por ele ter transformado o filho num símbolo de paz. É preciso saber o poder ilimitado da liberdade para se poder falar daquele jeito. Só sendo maior que a própria dor, para trazer uma forma de cura. Ana de Oxossi, a nossa guerreira da paz. Esta é minha homenagem à lição que ela nos deu como médium e mãe.

Para saber mais sobre o projeto:

http://paimaneco.blogspot.com/2009/11/deputado-quer-instituir-o-dia-da-paz.html

Abaixo o post com o texto do Manifesto.

MANIFESTO PELA PAZ E PELA CIDADANIA

Nós Umbandistas queremos um Brasil de paz. Que nossa constituição seja respeitada. Que a declaração dos Direitos Humanos seja respeitada. Que as leis sejam respeitadas e cumpridas. Foi atropelado um jovem de nome João Henrique Mendes Xavier Viana por que vestia a camisa de um time de futebol. Neste ano ocorreram casos semelhantes. Sem falar nos casos de homofobia, intolerância religiosa, preconceito étnico, repressão ideológica, desvalorização profissional, estética e artística. Sem, falar dos assaltos, roubos e do trafico de drogas e armas.

Somos cidadãos que pagam seus impostos e cumprem suas obrigações. Amamos o Brasil, o Paraná e Curitiba e não permitiremos que tirem esse orgulho de nós. Não se pode aceitar que a violência, o preconceito e a intolerância triunfem. Nossa maior riqueza é nossa diversidade, nossa família e nosso amor e não vamos permitir que isso nos seja tomado.

Queremos um estado que seja belo, fraterno e de uma convivência pacífica e democrática. Queremos um estado que seja organizado e desenvolvido para todos. Um estado que planeja seu amanhã sem descuidar das necessidades do presente. Queremos um Paraná e um Brasil de Oxalá.

Queremos um estado vencedor e guerreiro por seus filhos e por seus ideais. Um estado que ensine a seus filhos o orgulho e a honra de ser brasileiro. Queremos um estado soberano e independente. Um Paraná e um Brasil de Ogum.

Queremos um estado acolhedor e carinhoso com seus filhos e que lhes ensine a responsabilidade e a cidadania. Queremos um estado que cuide do seu mar e de seus habitantes e que seja digno de possuir esse litoral belo e imenso. Queremos um Paraná e um Brasil de Yemanjá.

Queremos um estado que cuide de suas matas, de seus índios e de seus animais. Queremos um estado que preserve a natureza e ofereça uma educação de qualidade para todos e gere desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Um estado que cuide de suas escolas e universidades. Queremos um Paraná e um Brasil de Oxossi.

Queremos um estado justo e ético. Um estado que respeite suas leis e as cumpra igualmente para todos. Queremos um estado seguro e firme em seus princípios, em suas ações e em suas metas. Um estado sem corrupção e sem impunidade. Queremos um Paraná e um Brasil de Xangô.

Queremos um estado que respeite o meio ambiente, que cuide dos seus rios e cachoeiras, que cuide de seus filhos com responsabilidade, cidadania e devoção. Queremos um desenvolvimento sustentável que nos recoloque na natureza. Queremos um Paraná e um Brasil de Oxum.

Queremos um estado alegre e feliz. Um estado bonito em sua riqueza e diversidade. Queremos um estado sem preconceito e sem intolerância. Queremos um estado que tenha coragem para resolver seus problemas e não tenha medo de enfrentar seus obstáculos. Queremos um Paraná e um Brasil de Iansã.

Por isso pedimos aos nossos representantes, aos líderes, aos intelectuais e a todos os cidadãos de bem nesta cidade e neste estado que estejam conosco nessa luta. SOLICITAMOS AOS NOSSOS GOVERNANTES, LEGISLADORES E DEMAIS AUTORIDADES QUE TOMEM PROVIDENCIAS E COLOQUE NA ORDEM DE DISCUSSÃO a violência em nossa cidade e em nosso estado. O Paraná tem que cuidar dos seus filhos e dos que vivem nesta terra. Há uma resposta a ser dada a uma família e a todos os cidadãos de bem.

Escrito maravilhosamente por Sidney de Oliveira em 2009, originalmente no Blog do Pai Maneco:
http://bit.ly/clYndt

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

As Moscas Coloridas e os Anjos


Passeando como uma nau sem rumo certo pela internet, me deparo com uma novidade, pelo menos para mim. Há uma linha na Umbanda chamada de falange dos Portugueses, que pertence à linha do Oriente, e é composta por sábios, filósofos, grandes mestres.Uma das entidades mais imponentes seria um guerreiro de nome Viriato. Achei bem interessante. É bem verdade que painho fala que o que você chamar no terreiro vem. Aventou-se no Blog do Pai Maneco que existiria até uma linha de políticos, que depois do desencarne não seriam nem de direita, nem de esquerda, antes estariam agora centrados no bem comum.
A verdade é que me falaram esta semana que sou uma pessoa antagônica, já que nasci no ano do AI 5. Já começou errando porque não nasci neste ano, sou do final do inverno de 1967 e não seria levada a sério se fosse protestar no ano seguinte contra essa lei absurda. Cada um vive seu tempo, no tempo certo de viver, apesar de eu discordar as vezes disto...
Médiuns e políticos às vezes podem ser bem parecidos se picados pela mosca azul. Para quem não sabe esta expressão foi baseada nos escritos de Machado de Assis, em um poema seu chamado “A Mosca Azul”. Na época falava-se fitado pela mosca, que com o passar dos anos transformou-se no “picado”. Criado em 1919, na época era um poema recitado por muitos, como hoje são as músicas populares. Bons tempos. Hoje tem gente que acha normal gente graduada escrever errado e não ter cultura. Tem gente para tudo neste adorável mundo novo.
Voltando ao Machado de Assis, nestes seus versos da poesia citada, resumidamente conta a história de um homem, de uma casta inferior, que se vê deslumbrado por um inseto chegando ao transe.Passa a ter visões de poder ,riqueza e glória, mas acaba por dissecar literalmente sua ilusão, como é contado no seguinte trecho:

Dissecou-a, a tal ponto, e com tal arte, que ela,
Rota, baça, nojenta, vil,
Sucumbiu; e com isto esvaiu-se-lhe aquela
Visão fantástica e sutil".

A realidade toma o homem sem sutilezas. Desde pequenos meus filhos escutam de mim: a verdade sempre aparece. E do trecho final que aqui coloco, vem a máxima dos problemas com “moscas azuis”:

Hoje, quando ele aí vai, de áloe e cardamomo
Na cabeça, com ar taful,
Dizem que ensandeceu, e que não sabe como
Perdeu a sua mosca azul.

Em política até crianças, hoje em dia, sabem o que acontece com quem é picado por tão deslumbrante inseto. Quando se trata de mediunidade não é diferente. Talvez o que mude seja o animal. Painho fala o que o pai de santo dele sempre falava: cavalo alisado é cavalo estragado. Tem razão. Há até uma certa normalidade no início, de deslumbre, quando ainda se está descobrindo os limites de sua mediunidade. Acontecem coisas realmente bárbaras e para iniciantes ainda, sem uma explicação clara, o que é sem dúvida uma fonte inesgotável de prazer em descobrir o inusitado.
No meu pequeno entender nós não desenvolvemos a mediunidade, ela é que nos desenvolve como seres humanos melhores.Como já falei antes, o médium é apenas o portador da mensagem. Nesse processo é preciso bom senso. Não elevar seu próprio ego é uma destas questões . Sempre falo aos meus amigos que certa vez senti a proximidade de um espírito. Ele me disse: Vou te cobrir de ouro. Passaram-se algumas horas e comecei a ficar em dúvida se a entidade me disse que ia me cobrir de ouro ou me dar um couro. Podia ter ouvido errado,não é? Fiquei apreensiva. Uns dias depois achei na rua um anel de ouro. Dei-me por satisfeita.
O grande problema da mediunidade não é o de você ver espíritos, mas sim deles enxergarem você. Se você está vibrando baixo, se lamentando, tendo orgulho, raiva, preconceito e todas estas coisas vãs de que é capaz de sentir o homem, com certeza espíritos afins estão vendo você. E vão se juntando.Definitivamente isso não é legal, nem tão pouco saudável.E você pode se tornar um cavalo que se auto-escoiceia.
Não há uma classificação rigorosa de todos os tipos de mediunidade. O fato é que todos nós somos médiuns. E assim sendo, o bom é manter sempre que possível o bom humor. Pode ser que nesse exato momento você pensou que pode atrair um espírito do naipe do Charles Chaplin. Um grande homem, mas era um pouco triste. Prefiro pensar que as almas elevadas têm um grande senso de humor. Independente do nome que tiveram aqui. E parafraseando o escritor brasileiro Paulo Mendes Campos, digo que temos que ter bom humor para os momentos em que a gente se acha bacana demais ou uns totais fracassados.E tem muito disso. Aqui não somos nem uma coisa, nem outra.Nós somos normais e temos que saber que nem tudo é passível de uma explicação neste mundo.Nem precisa às vezes.
Se você é médium e está começando agora a descobrir a espiritualidade, independente de sua fé, uso das palavras de Machado de Assis: não tente dissecar sua mediunidade ,transformando-a em uma coisa rota, baça, nojenta, vil. Vou confessar que algumas vezes deixei minha mediunidade meio rota, principalmente quando painho não me respondia exatamente o que eu queria ouvir e eu brigava porisso com ele.Mas, justamente por ele não ter me respondido o que eu queria ouvir, os olhos da mosca azul não me fitaram.

Proponho que desde já façamos parte de uma falange, que atue sempre para o bem do próximo e de nós mesmos. A falange dos brasileiros bem-humorados, desencanados e livres de qualquer amarração que as moscas azuis, ou de qualquer cor, venham tentar impor.Bom final de semana a todos!
A foto de nossos anjinhos foi cedida gentilmente e captada brilhantemente pela Nely Rosa.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O Giro Secreto



Aprendi a ler com a Vila Sésamo. Ainda lembro do plástico colorido em frente à televisão preto e branco. Meus filhos não acreditam que houve um dia televisão sem cor... Ah, como eu gostava da Mulher Maravilha quando eu era criança. A Mulher Biônica então? Achava o máximo!
Hoje são aqueles desenhos japoneses onde crianças deprimidas lutam com outras crianças deprimidas. Eu acho tétrico.Só ensinam que você deve lutar sempre e nunca tem um sentido claro esta luta. Não existem mais desenhos só para diversão como aquele do Coelho Ricochete. Da nova safra só gostei e indico Avatar :A Lenda de Aang. Sempre que está em dificuldades o menino avatar se concentra em todas as suas encarnações passadas em busca de conselho. E há uma grande profundidade nisto. Em Umbanda nosso anjo da guarda é o resumo de todas nossas encarnações passadas.
Quando criança queria ser a Mulher Maravilha. Aquela que girava e se tranformava em outra e usava um laço para que as pessoas confessassem a verdade. Ontem me lembrei disto.Estava no carro com meu pai e no carro de trás, num baita congestionamento, uma família brigava aos gritos. O pai, provavelmente embriagado, queria ultrapassar outros carros. Ainda ecoam os gritos daquelas meninas pedindo para o pai parar. Queria usar o laço da mulher maravilha , não para ele falar a verdade, mas para ele escutá-la. Sinceramente não vejo razão em crianças deprimidas e lutas sem sentido.Não é fácil o caminhar no meio da tormenta de emoções.
Girar para se alcançar um nível diferente de consciência é uma coisa muito antiga. A primeira religião que fez isso foi a dos Derviches, muito antes de surgir o islamismo. Derviche é uma palavra que provém do persa darvish que quer dizer mendigo e literalmente se traduz como”aquele que procura as portas”. Reza a lenda que um homem de nome Rumi quando andava pela seção dos ourives em Konya (na Turquia) percebeu uma linda música no som dos martelos. Começou a girar em harmonia com o som, numa dança extática de entrega, mas mantendo-se centrado. Ele chegou a um ponto em que o ego se dissolve e entra-se em ressonância com o espírito universal. Resumindo muito a idéia é o ponto em que Deus se fez Verbo, e Ele é o seja , que se dá através do giro contínuo, mas também é o Verbo retorne. Para ser mais clara, até hoje se comemora o dia 17 de Dezembro como o dia do casamento de Rumi, a noite em que ele morreu e atingiu a união perfeita na gira com o Divino. Quando viu os dervixes no Cairo, em 1910, Rainer Maria Rilke, um grande poeta espiritual , disse que os giros eram uma forma de ajoelhar-se.
No universo tudo gira. Dos maiores astros às moléculas. Na Umbanda não poderia ser diferente, já que somos tão ligados à natureza. Onde há um umbandista girando há um ser humano “ajoelhado”, em comunhão com a Força Divina. Não são todas as entidades que nos fazem girar, mas com certeza é uma união que nos transforma. Somos numa gira, homens e mulheres “maravilhas” , pois estamos ali para trazer alento aos que buscam o movimento divino para suas vidas. Ao mesmo tempo somos mendingos batendo nas portas da espiritualidade em prol do amor ao próximo. E o amor ao próximo é nossa corda da verdade que envolve a todos.
Hoje venho a todos pedir, nesta grande gira que é nossa vida, que nos portemos com a alegria da criança que gira com os braços abertos, num grande gramado, num dia de sol. Verdadeiramente não há dias especiais para se amar mais. Girando e girando incessantemente a terra nos conduz a novos dias. E até o dia definitivo de nosso casamento com a energia divina, onde giraremos em compasso perfeito com o Criador, que sejamos conscientes do tempo limitado que aqui temos para aproveitarmos o amor que temos uns pelos outros. Saber amar é uma grande magia que rege o Universo.


Um giro secreto em nós
faz girar o universo
A cabeça desligada dos pés,
e os pés da cabeça. Nem se importam.
Só giram, e giram.

- Rumi

A primeira foto é de médiuns do Terreiro do Pai Maneco, girando no trabalho de praia deste ano.A segunda é a gira dos Derviches.




quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sinais


Os meninos começaram aquela fase característica da pré-adolescência. Não há comida que chegue. E aqui a ordem, partindo deles, é nada de comida gordurosa nem que faça mal. Volte e meia, sem dó, me lembram da minha mãe que faleceu por excesso de gordura no sangue...É uma nova geração. Lembro-me dos tempos de redação de jornal envolta numa nuvem de fumaça de cigarro e o barulho incessante e quase hipnótico das máquinas de escrever.Já não é mais assim também, a preservação do corpo e o bem estar é a tônica do novo milênio.
São os sinais dos novos tempos. Preservando a saúde dos mais sensíveis, até no terreiro painho fez com que a defumação ficasse lá do lado de fora, sem prejuízo para o ritual. Cachimbos, cigarro de palha e charutos só no toco e com consciência ao atender gente doente. A Umbanda cresce também na consciência de seus adeptos.
O meu lindinho sempre falou que fazer comida é um ato religioso. Precisa de um ritual. Um belo dia me deparo com uma resposta a esta colocação e que transcrevo de um texto do Pai Fernando de fevereiro do ano passado: “ O Didi, um médium do nosso terreiro mudou-se para a Bahia e instalou seu domicilio em uma praia daquela terra abençoada. Foi falar com o Pai Maneco confessando sua tristeza por ter que deixar o terreiro e não ter mais a possibilidade de conversar com ele. O paizão recomendou: “todo mês, durante a lua crescente, você faça um jantar para mim, fique concentrado que eu vou dele participar.” Encerrou recomendando o cardápio. Hoje o Didi já reúne mais de trinta pessoas no jantar, todos de branco, cantam pontos, falam e conversam sobre a Umbanda e muitos doentes, convidados pelo anfitrião e provavelmente indicados pela entidade homenageada receberam o beneficio da cura e da saúde mental. Hoje são umbandistas devotos. Não precisaram de terreiro para isso. Já está ficando tradicional o encontro no jantar do Pai Maneco onde a única magia que se pratica é a do amor. O interessante dessas reuniões é que a comida não é oferecida à entidade em forma de amalá ou criação de força. Ao contrario, os espíritos são convidados e a dividem com os encarnados.”
Umbanda é mesa posta. Assim como deveriam ser todas as religiões que pregam fé, amor e caridade. O ato de alimentar ao outro e a si mesmo é a prática do milagre. E o ato de alimentar não se faz só pela comida. Eu me alimento de palavras ,de sensações , de emoções e de observação. Observação é a palavra mais “gostosa” para mim. Tipo quindim mesmo. Porque sempre espero por sinais que indiquem o caminho, desde os mais concretos até os mais leves, isso faz parte de mim, desde pequena. O lindinho fala que é bobeira minha, mas desde criança quando vejo borboletas verdes, e só vi três vezes nesta vida, acontecem coisas boas...
Partindo para os sinais mais concretos, minha observação sobre a Umbanda sempre tem respaldo na vida cotidiana, pois senão não teria sentido claro. Simplificar nos torna mais humildes e propensos a praticar a verdadeira caridade. Palavras que se tornem atos fundamentados e com resultados claros no amor ao próximo reluzem, no meu entender, como asas verdes de borboletas raras. Umbanda pés no chão. É a praticada no Terreiro do Pai Maneco, porque de salto alto não percorremos os caminhos abertos de Ogum... Precisamos cada vez mais ter discernimento sobre a responsabilidade que temos sobre nossas vidas. Não podemos entupir nossas artérias da alma com palavras gordurosas e que não possamos dividir com o próximo. Temos que refletir sobre o que nos alimenta.
Hoje deixo com vocês uma poesia de Khalil Gibran, grande escritor libanês, que traduz em suas palavras o que sinto em praticar a vida com pés no chão, sem fardos desnecessários para se carregar, respeitando uns aos outros. É quase uma poesia Umbandista...

O Profeta

Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão:
Que haja antes um mar ondulante entre as praias de vossas almas.
Encheis a taça um do outro, mas não bebais na mesma taça.
Dai de vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço.
Cantai e dançai juntos, e sede alegres, mas deixai cada um de vos estar sozinho,
Assim como as cordas da lira são separadas e, no entanto, vibram na mesma harmonia.

Dai vossos corações, mas não confieis a guarda um do outro.
Pois somente a mão da vida pode conter nossos corações.
E vivei juntos, mas não vos aconchegueis em demasia;
Pois as colunas do templo erguem-se separadamente,
E o carvalho e o cipreste não crescem a sombra um do outro.
Khalil Gibran

Peço que não deixem de ler a opinião do Pai Fernando Guimarães, do mês de agosto, que me inspirou a escrever este texto:

http://bit.ly/aY2qUP