Uma das coisas que são mais peculiares na Umbanda , dentro da minha observação, é a necessidade de saber quem são as entidades com as quais se trabalha, curiosidade bem comum no começo da caminhada. E quanto mais conhecido o nome da entidade, melhor.Equivaleria mais ou menos a dizer assim: se eu sou amiga do George Clooney porque é que eu vou ficar falando do Joãozinho da Silva que também é meu amigo, mas ninguém conhece?
Estávamos todos reunidos no aniversário do neto do meu lindinho em uma chácara aqui perto. A família dele é evangélica, portanto não conversamos sobre religião para evitar constrangimentos. A netinha mais nova tem quatro anos, e é uma menininha linda e esperta. Meu apelido na família dele é Deca,mas ela pequena não consegue me chamar de outra coisa senão Neca. Pois bem, todos reunidos ela vem e abre os braços e fala em alto e bom tom: Veja Neca consigo dominar os ventos! Nisto alguma bexigas estouram, meus filhos gritam: Eparrey! Logicamente todos olham para mim e eu como não tinha o que dizer falei: muito bem filhinha é por aí mesmo!Como é mágico ser criança e descobrir tudo o que conseguimos fazer. Esquecemos isto pelo caminho e achamos que conhecemos todo nosso potencial. Quando se entra na Umbanda a primeira coisa é descobrir qual é a sua regência energética e logo depois vamos para a fase que citei, descobrir as entidades.Entre estas duas pontas há de ser construída uma ponte, mas as vezes não conseguimos enxergar esta necessidade.
Quem somos nós, o que temos a oferecer são perguntas que cabem muito bem nesta religião. Porque é com base nas respostas que vemos e descobrimos porque determinadas entidades se aproximam de nós e outras são mais distantes. Tudo neste mundo ocorre por afinidade.Nossos amigos mais queridos tem algo de nós dentro deles, pois certamente não os amaríamos se não fosse assim.
Um médium não precisa ter poderes fenomenais. Efeitos especiais cabem bem somente nas telas dos cinemas. Um médium deve entender sobre os elementos naturais, estar bem integrado com a natureza e principalmente, desenvolver mais e mais sua sabedoria.Isso leva um tempo. A sabedoria é a junção do que você testemunhou nesta vida, seus pensamentos sobre tais coisas aliado ao que você aprendeu nos livros. E isso vai crescendo continuamente.É a ponte entre nós e as entidades.
Não creio em médiuns intelectuais. Creio em médiuns dedicados, humildes, comprometidos mesmo com a caridade.Ora, qual é o principal elemento da caridade na Umbanda? A palavra, amigos. É isto que o médium doa, porque no que tange a transformação dos elementos quem sabe perfeitamente o que está fazendo é a entidade.A Umbanda é consolodora, porque na medida em que o médium está preparado as entidades usam do seu conhecimento para melhor repassar uma idéia. E ,por incrível que possa parecer, mostrar um ponto de vista diferente para um problema , uma coisa simples, pode se tornar mágico e transformador para quem escuta.
Saber escutar é mágico. Estar aberto a todas as possibilidades desta vida, sem preconceitos, pode ser a salvação da lavoura.Estamos em constante crescimento e desenvolvimento, tenhamos 20 ou 80 anos.E vou lhes dizer que as pessoas que mais repensam suas idéias e concepções são as que têm mais de setenta. Não concordo com a idéia de que pessoas mais velhas não mudam de opinião. Elas entenderam o sentido da vida através da sabedoria e porisso se permitem mudar. Coisas que nós mais jovens, às vezes não nos permitimos por ter idéias pré estabelecidas, o que nos faz regredir em verdade.
Hoje deixo a todos um poema, que bem poderia ter sido escrito para os Umbandistas:
Ainda ontem pensava que não era
Ainda ontem pensava que não era
mais do que um fragmento trémulo sem ritmo
na esfera da vida.
Hoje sei que sou eu a esfera,
e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim.
Eles dizem-me no seu despertar:
" Tu e o mundo em que vives não passais de um grão de areia
sobre a margem infinita
de um mar infinito."
E no meu sonho eu respondo-lhes:
"Eu sou o mar infinito,
e todos os mundos não passam de grãos de areia
sobre a minha margem."
Só uma vez fiquei mudo.
Foi quando um homem me perguntou:
"Quem és tu?"
Kahlil Gibran
Dedido este texto a médium Denise Zanchetta que possibilitou, com sua dedicação aos ideais umbandistas, que hoje eu esteja um pouco mais firme em meus propósitos. Saravá Dede!
Atenção twitteiros: Vamos participar? #AmigoOculto no #NatalSolidario #CAZUZA Veja as informações no Blog >>> http://bit.ly/ecTdME
Vem cá??? Estava pensando em mim quando escreveu este texto foi???? Caiu como uma luva!!!! Eu ainda encontro-me em constante busca para saber quem sou eu?! Mais tenho a plena certeza, que sou devidamente composta de "água", de fé, de comprometimento e dedicação com os meus sagrados, com uma puta vontade de ajudar ao meu próximo...talvez a pequenos passos daki há mais alguns anos... eu possa realmente saber quem sou!!!
ResponderExcluir"Nossos amigos mais queridos tem algo de nós dentro deles, pois certamente não os amaríamos se não fosse assim." Isso foi perfeito: Soa como magia pura!!!! Te adoro!!!!
A cada post aprendo mais ! Vc é uma formosura de pessoa !
ResponderExcluirlindo texto.
ResponderExcluire você parece ser uma pessoa igualmente linda.
:)
Acredito que os nomes revelados a nós pelas entidades, são na verdade, mais um ato de Amor.
ResponderExcluirEles compreendem que ainda precisamos de nomes, imagens e coisas “materiais” para direcionarmos nossa fé e nossas vibrações / orações.
Quando falamos “Caboclo Tupinambá”, de imediato vem à mente a imagem concebida por cada um. E assim é com todas as entidades.
Uma das maiores dificuldades do encarnado é a mentalização de Deus sem que a imagem do velho de barbas brancas sentado em uma nuvem venha à mente.
Já a classificação dos nomes “importantes” e “mais fortes” é fruto da vaidade e do ego de cada um de nós.
Na faixa evolucional que nos encontramos, queremos ser reconhecidos por nossa importância e por quem está em nosso entorno e as entidades fazem parte deste contexto.
@amigodoze
Quanto mais famosa e conhecida a entidade melhor? Não... Não tem entidade melhor ou melhor, tem médium mais ou menos preparado para os trabalhos, o que dá mais firmeza, ou não, ao atendimento. Já ouvi muitas vezes dizerem que a entidade também se utiliza do conhecimento do médium, por isso é tão importante estudarmos e aprendermos. E aqui, com você, também aprendemos muito, principalmente a sermos humildes como médiuns, pois somos somente um instrumento do trabalho deles, não temos nenhum super poder!!!
ResponderExcluirObrigada por mais esse texto iluminado e inspirador...
Beijos
Angela - Luzes e Sonhos
http://luzesesonhos.blogspot.com/
Respeito as diferenças e as escolhas,assim se dá a arte boa convivência.Bondade independe de religião.Desejo que tua escolha religiosa tenha preenchido tua alma..Axé.
ResponderExcluirSempre me abrindo novas perspectivas e visões, amiga. Te respeito e aprendo cada dia mais a respeitar sua religião. Aprendo demais com vc! Beijooos
ResponderExcluirÓtimo texto Andréa. Conheci alguns médiuns que tinham ORGULHO de serem humildes. rsrs Estes jamais levei a sério.
ResponderExcluirBoa tarde Andrea,
ResponderExcluirÉ sempre um prazer imenso ler seus posts.
Olha, cada dia que visito seu blog aprendo uma coisa nova: eu achava que os mediuns eram pessoas extermamente intelectuais. Agora eu entendi que são pessoas comum como todos nós!
E você, querida Andrea, independente de ser médium ou não (você é, não é?) você é uma das pessoas mais intelectuais e sábias que conheço!
E, por incrível que pareça, parece que te conheço há tempos!
Bem, deixo um grande abraço!
Juliana Fideles
@juliana_fideles
gostei do texto
ResponderExcluireu ja acreditei ter mediunidade ja frequentei centros espiritas e tbm psicologos
atualmente decidi me aquietar dos ambos os lados
e eu mesma descobrir quem sou
Cá estou novamente para tecer meus comentários e dar “pitacos” em seus excelentes textos!!!
ResponderExcluir“Quem é você?”
Uma pergunta que de modo aparente é tão simples, mas que na prática, expõe certas dificuldades para respondê-la, não é verdade? Rsrsrsrsrs...
Grande parte das vezes é mais cômodo e prático responder “quem é o outro”. É fácil apontar defeitos, vícios, qualidades e virtudes daqueles que nos circundam de acordo com a carga identitária e emocional que carregamos ao longo da nossa existência. Tudo o que inconsciente ou indiretamente nos afeta de forma qualitativa ou não, é evidenciado no próximo, como se houvesse um espelho a ser enfrentado.
Tais ponderações remetem à concepção de “self”...
A formação, a construção do “self” é algo subjetivo, complexo, desafiante e que requer, conforme a ideia de Norbert Wiley, a composição da “tríade temporal, semiótica e dialógica”. Portanto, exige um estado contínuo de autoconhecimento e de autorreflexão. É um exercício de autoconsciência imprescindível num universo de representações simbólicas em que o potencial crítico é elemento básico para o amadurecimento. Trata-se de um processo desgastante mediante um acúmulo, um agregado de ganhos e perdas que oscilam e traçam nossa história.
Somos seres em construção e desconstrução que, proporcionalmente, enchem-se e esvaziam-se de valores, de conceitos e de infinitas necessidades em busca da realização das nossas satisfações, do alcance da plenitude... Somos seres diacrônicos, dicotômicos, dialéticos e paradoxais.... Somos imperfeitos!!!
Eis então a maior lição da sabedoria que devemos carregar: a imperfeição enquanto condição nata. A partir do momento em que reconhecemos nossas limitações e que sempre haverá algo a ser retomado, aprimorado ou transformado, naturalmente, emerge um processo de evolução condicionador dos nossos pensamentos e atitudes tendo em vista a definir o que seria o “eu” ou o “você”!
Na verdade, atualmente, penso que um questionamento crucial seria: “Quem somos nós?” Rsrsrsrs...Uma pequena dica para a próxima reflexão.
Saudades.
Muito interessante! Costumo dizer que não podemos comentar sem conhecimento de causa. Hoje, por obra do destino, sou convidada a visitar esse blog, o qual me deixou surpresa. Muito bom para refletirmos sob os mais diferentes aspectos de nossas vidas, não somente de mediunidade.
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