sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Guerra Espiritual

Em meados da década de 70, quando estava na casa da minha avó, os sábados pela manhã tinham um ritual muito sério. Acordávamos bem cedo e íamos para a feira. Eram muitas viagens a pé trazendo as compras para casa e voltando para feira buscar mais.No final íamos com meu avô para a Praça da França brincar e , se fosse época de pinhões ele os sapecava ali mesmo e comíamos, sempre ouvindo uma história extraordinária. As lembranças do passado, além de nos conscientizar de quem somos, de onde viemos, mexem com nossas emoções e fortalecem nossa energia vital.
Tudo é energia e tudo gera energia neste mundo, fato inegável.  Há explosões de energia no nascimento de uma nova estrela, na união de um espermatozoide com um óvulo, no romper de uma semente.Há energia no romper da aurora e na hora do lusco-fusco, quando o sol se põe. Há energia no choro de emoção pela perda irreparável e na chegada de um filho ao mundo.Há energia nas mudanças de estação que sofrem um determinado lugar, como a explosão de vida que advém da primavera, como também as individuais como a saída da infância para a adolescência.
Numa das páginas de Umbanda a qual faço parte, hoje  o Alexandre Fsc perguntava se era lícito ou não dar presentes para entidades. Na Umbanda Pés no Chão que pratico isto não existe e creio mesmo que entidades nenhuma precise deste tipo de coisas. Mas a questão que, pelas respostas que li dentre outras situações que ando percebendo, é muito maior.
Vou contar novamente um sonho que tive quando entrei na Umbanda. Estava no meio do terreiro ,com uma imagem imensa de Oxum  e a mãe pequena Tânia fazia a entrega de um amalá para este orixá. Oxum puxava então aquela energia e a devolvia para a mãe pequena Tânia que então foi para a assistência tirar as pessoas do escuro. Oxum saiu de dentro da imagem , me abraçou e me disse: Andréa, é assim que funciona a Umbanda. Na época não entendi tão claramente, mas, mais e mais vejo o quanto é necessário cumprirmos a nossa parte.
Exercendo o livre arbítrio temos muitas escolhas nesta vida e muitos aprendizados também, o que nos faz crescer e nos aprimorarmos cada vez mais. Quem escolhe a Umbanda como religião deve ,em primeiro lugar saber como são manipuladas as energias para o bem comum. Trabalhamos nas giras em comunhão com entidades para o bem e para o consolo dos necessitados. Para que tudo ocorra da melhor maneira possível é preciso preparo, dedicação e concentração e isto também é exercício de liberdade. 
Como me ensinou em primeiro lugar Oxum, temos que nos fortalecer para conseguirmos cumprir o que nos propomos. Os amalá são fontes de energias, são campos de força que usamos para os mais diversos fins. Não fazê-los ou não entender exatamente para que servem, acaba por podar nossa livre manifestação e prejudicar o bom andamento de nosso intento para com o próximo. Um amalá não é um presente para uma entidade nem para um orixá, é uma forma de construir um campo de força, de agregar energia para um determinado fim. Sinceramente? Sei que não é barato frequentar Umbanda, mas mesmo sem muito dinheiro é possível fazer um amalá mais simples. Creio que ,infelizmente, alguns filhos não o fazem por questões que vão desde a preguiça até a total falta de entendimento e vontade de aprender. Vou citar uma frase do Pai Fernando Guimarães, que, muito embora tenha sido escrita quando versava sobre outro assunto, cabe bem aqui: "Terreiro não é clube social onde cada um faz o que quer. A paixão pela Umbanda tem que ser abrandada pela vontade de se encontrar com a alta espiritualidade." Os amalás também fazem parte do nosso encontro com a alta espiritualidade e não devem jamais ser esquecidos.

A maior guerra espiritual é a que travamos com nossos próprios egos. Conhecimento também é energia e exercício de liberdade. Perguntem sempre aos responsáveis pela gira que frequentam, porque podem ser diferentes na realização de um lugar para outro, e quem não frequenta nenhuma gira ,mas curte a Umbanda e gostaria de saber como se faz um amalá indico o seguinte link:


13 comentários:

  1. Andreia, querida.Como sempre muitos aprendizados e mais entendimento.Cada dia que passa vejo como sei tão pouco e como é lindo aprender.Esta troca também é energia.E este seu espaço me faz muito bem.Obrigada mais uma vez..beijos de luz e amor.

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  2. Estou emocionada, a saudade se mistura ao aprendizado e a energia boa que se derrama em teus escritos. Bjo

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  3. Acima de tudo ao ler seu belo texto, me lembro da Umbanda Pés no Chão que é uma marca do Pai Fernando de Ogum e, obviamente, do Terreiro do Pai Maneco. Os amalás são parte dessa Umbanda prática e que nos ensina que as varias formas com que podemos nos comunicar com a espiritualidade superior. Parabéns!

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  4. É verdade. As vezes julgamos os trabalhos de Umbanda como se aquilo não fosse necessário, mas o que eu penso é que nosso conhecimento ainda é muito, mas muito limitado. Sabemos tão pouco e acredito que devemos apenas confiar naquilo que nossa Umbanda nos pede sempre. Amalás, Oferendas, tudo isso. Eles sabem pra o que servem, eles sabem que estão só fazendo o bem SEMPRE e nós devemos confiar nesses nossos amados guias e orixás. Tudo é energia, e a energia que a Umbanda traz pra nossa vida é algo inexplicável. Axé!!!

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  5. Nossa eu estava discutindo isso há pouco com uma pessoa... que sincronicidade!!! Todos os dia aprendo um pouquinho mais contigo...Axé!!!

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  6. "A maior guerra espiritual é a que travamos com nossos próprios egos." Verdade verdaderíssima, minha amiga. Um dia ainda vou me redimir do meu mental que tudo questiona, tudo quer explicar, falante, tagarela...
    É sempre uma aula vir aqui, nem preciso dizer que adorei, né?
    grande bjo

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  7. Olá Andrea
    Parabéns pelo texto. Nós temos que lembrar sempre que a umbanda émagia, ou seja é a manipulação das energias para o bem de todos sob a luz dos Orixás e assim de Deus. As entidades manipulam a energia emanada da matéria das entregas, aliada ao ectoplasma doa médiuns e agregada as energias elementares da natureza. E com isso temos o axé, temos a força da umbanda.
    Se me permite tenho um texto sobre o assunto que índico a todos e gostaria também da sua opinião.
    http://www.paitobias.com/index.php/indice-de-artigos/70-as-entregas-e-oferendas-na-umbanda-por-que-fazer
    Muita luz a todos.
    Sarava

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  8. A energia é o que move o nosso mundo, é o que move nós mesmos. Sem dúvida temos muita energia, afinal de contas, até mesmo quando corremos, quebramos ossos que se separam e se juntam, quase que ao mesmo tempo. Isso só pode ser energia. Energia essa que está em nosso passado e nos impulsiona por um futuro melhor e ainda mais energizado.

    Parabéns pelo texto, como sempre!

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  9. DEUS que é gigante é energia. A menor particula do universo é energia. Somos unidos por essa força e fazemos parte desse mundo como energia.

    Uma entidade espera de nós algo que venha do coração e do sacrifício do nosso tempo. Não é a quantidade, valor, intensidade ou obrigação.

    Parabéns pelo texto

    MarquesK

    Só o Rock Alivia

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  10. Energia é o campo vibratório que envolve tudo que existe, fazendo parte do nosso dia-a-dia.
    Ela está em volta de tudo e sua força pode ser usada para o bem ou para o mau. A vibração de nossos pensamentos é energia pura, o abraço que damos em alguém, o gesto de carinho, a comida que preparamos, o banho que tomamos, as flores que ofertamos e, também, recebemos. Enfim... energia é a vida em ação.
    Tudo que ofertamos para as entidades vai impregnado do nosso amor e nossa gratidão. E isso cria um campo de força que será utilizado em nosso favor. Essas energias são magnetizadas pelas entidades e utilizadas em nosso benefício.
    Não vejo mau nenhum em se presentear uma entidade, com oferenda, para demonstrar nossa gratidão ou mesmo a sintonia que temos com ela. O que vejo como errado é agradar uma entidade pensando, assim, em atrair favores em benefício próprio. Coisas que encontramos em terreiros cuja assistência e médiuns, não possuem o esclarecimento necessário, nem responsabilidade suficiente para entender o poder e a magia de uma oferenda.
    Sua frase “A maior guerra espiritual é a que travamos com nossos próprios egos”, cabe bem em muitos de nós Umbandistas. Às vezes não possuímos conhecimento, não entendemos a seriedade e o porquê de determinada ação ou atos praticados na Umbanda, e por orgulho ou medo de reconhecer que não sabemos, nos mantemos em total ignorância praticando irresponsavelmente oferendas erradas.
    A guerra que travamos contra a nossa soberba, egoísmo e cegueira espiritual é a maior fonte de energia causadora das decepções humanas. Terrível, então, quando praticadas pelos Umbandistas, pois se tornam cegos guiando cegos.
    Conhecimento é energia benéfica, cuja tendência é aumentar nossa capacidade de compreensão e multiplicar seu campo de atuação à medida que distribuímos o aprendizado adquirido.
    Seu texto, querida Andréa,passeia pela vida material e chama a nossa atenção para a responsabilidade da vida espiritual.
    Axé e luz em seu caminhar sempre!
    Raquel

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  11. Somos a pura energia do Criador, assim como tudo que nos cerca.Aprendemos no kardecismo que todos os seres estão mergulhados no fluido universal que é exatamente esta energia cósmica que nos une, que nos lembra que somos todos parte de um único ser.Bjkas amiga linda....saudade.

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  12. ESTE TEXTO SERVE DE RESPOSTA PARA MUITAS PERGUNTAS E ANDRÉA DE FORMA SIMPLES E BRILHANTE FEZ COM QUE SE PUDESSE RECONHECER O POR QUE DAS OFERENDAS , DAS ENTREGAS . PEÇO LICENÇA P COMPARTILHAR ESSE TEXTO PARA TDS OS MEUS AQUI DO TEMPLO. SEM DÚVIDAS TERÍAM SUAS PERGUNTAS RESOLVIDAS. AGUARDO RESPOSTA. DIRCE DE OYÁ

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