Havia passado umas três ou quatro semanas olhando para aquela pequena senhora. Como eu estava incorporada,não sei dizer ao certo quem a estava de fato observando, se eu ou seo Beira Mar, e observando todos os que trabalhavam na energia dela. Não sabia quem era, nem qual problema tinha, mas chamava a minha atenção.São mais de cem atendimentos por noite, então é difícil fixar uma fisionomia específica, mas na ultima gira ela veio sentar bem à minha frente, quando eu estava trabalhando com Dona Antonia.
Como eu explicava ontem a um rapaz que estava meio atônito por ter ido a um terreiro pela primeira vez, nós todos somos médiuns em maior ou menor grau. Somos como rádios, daqueles antigos sabe, que só sintonizam corretamente se você estiver num lugar compatível com a sua sintonia. Tem rádios humanos que só sintonizam em canais de energia espírita, outros em templos muçulmanos, judaicos,protestantes. Meu rádio pessoal só funciona no toque do terreiro de Umbanda, e como bom ser humano às vezes pego em AM ,às vezes em FM.
Neste dia da senhorinha, eu estava em FM, mas só soube depois. E muito curiosa ,por sinal. Mediante os problemas que ela descreveu, começou o atendimento. Num momento eu falava com um sotaque, em outro já de uma forma totalmente diferente. Estava ficando meio confusa, mas como me entrego totalmente nem parei para pensar. No final Dona Antonia avisa que ali estiveram três entidades diferentes, atendendo a situação.
A pequena senhora , um pouco mais leve em seus movimentos comenta que, durante o dia todo, a sensação que tinha era de que aquele dia era definitivo em sua busca: tudo se resolveria.A filha havia visto um médico sentado na beira de sua cama, talvez o mesmo que havia atendido naquela gira.
Conto a vocês isto, porque na verdade quero chamar a atenção para uma observação específica. Médium igual a mim, apenas no terreiro que freqüento, há quase dois mil. Quantas entidades de fato trabalharam na restauração da saúde desta senhora? E quantas se identificaram? Eu não tenho dúvidas de que a fé e a humildade dela, aliada à persistência, aproximaram toda esta energia. Mas esta energia provinda do Divino atende prontamente sem exigir créditos ou se vangloriar.
Os espíritos trabalham em equipe, seja qual for a energia Orixá que pertençam. É um erro pensar que eles não se unam frente a um bem maior que é o Amor Divino. Talvez eu tenha prestado atenção em todo o processo desta senhorinha, porque nele se encerra um grande milagre: o da cooperação em prol do próximo, maior e mais relevante do que apenas um procedimento isolado.
Quando descobrimos nossos dons temos que ter o cuidado de entender que não somos os únicos a possuí-los, mas para que nos tornaremos ainda mais fortes se nos unirmos a pessoas com a mesma capacidade de freqüência, e que os resultados desta forma podem ser sim maravilhosos. A Natureza é sábia, se renova a cada dia e se reconstrói. As entidades sob influencia dos Orixás cósmicos compreendem que a natureza humana precisa ser constantemente renovada em propósitos e sentimentos para evoluir.
Adoro observar e pensar sobre o que vejo. Não consigo enxergar mais a mediunidade na Umbanda de uma forma individual depois da observação desta senhora e de sua fé. Mas ela não é um caso isolado, de outra vez um senhor veio também agradecer à dona Antonia pelo trabalho que as entidades do Pai Fernando tinham dito com ele e resolvido um problema seu, e que sentiu necessidade de falar com ela sobre isso. Ela olhando fixamente para ele fala: Olha meu filho nós todos queremos saber uma coisa só de você: porque, acreditando em todos nós e sabendo o que sabe hoje, não se cuida? Por que se alimenta só de madrugada? O senhor então, até meio constrangido, fala que é o único tempo que tem para se alimentar,pois trabalha demais. Foi aconselhado a se cuidar mais para não somente ter uma vida melhor e com mais qualidade, mas como também poder retribuir com o bem a quem lhe procurasse.
Talvez o real e mais significativo sentido de haver terreiros de Umbanda seja de fato o exercício pleno da caridade. A caridade que começa na percepção que mesmo sob a influência de diferentes Orixás, nós médiuns estamos ali para nos unirmos e nos compreendermos, para aceitarmos nossas diferenças e construirmos com elas um entendimento maior do Amor Divino. Que é na observação do movimento das entidades e na sua atuação, que temos que entender que é no equilíbrio de todas as energias, com as mais diferentes matizes,que este Amor Divino se faz presente.
A pergunta que deixo hoje é a seguinte: em que ponto de nossa evolução espiritual conseguiremos agir em grupo da mesma forma que as entidades o fazem, em prol do amor ao próximo, em prol do nosso próprio crescimento?
Oi querida
ResponderExcluirObrigada, mil vezes obrigada por compartilhar esta sabedoria com tanta generosidade e simplicidade. Sempre bom estar aqui lendo estes textos que escreves inspirada por espíritos muito elevados. Beijo
É Andrea, com a globalização e a internet acessível a todos, isto nem deveria ser questionado.O que falta mesmo é:vontade e humildade.Escuto cada coisa todo dia por ser voluntária, que você nem imagina.Nem eu acredito ás veze, mas procuro me colocar no lugar do outro e não fio nem chateada.Procuro me fazer entender.Como diria uma "mestra":-Quem disse que é você que vai fazer a diferença naquel momento com aquela pessoa?...e a ficha cai.Faço o meu melhor, eu amo com todas as minhas forças tudo que faço.Entrega total.O resto, vem com esta entrega.Não é difícil fazer a diferença,difícil muitas vezes é aceitar.Triste, mas verdade.Tomara que não demore para derrubarmos estas barreiras e paredes que nós mesmos colocamos.beijos querida!Deus te ilumine nesta semana que se inicia....
ResponderExcluirQuerida!!! Lindo texto, suas histórias são tão marcantes...E a pergunta que faço é esta tb... tá mais do que na hora, né? Vou compartilhar no facebook.
ResponderExcluirbjosssssss
E um feliz ano novo astrológico pra ti, pra todos nós!!!
E é bem assim mesmo... a união sempre fazendo a diferença!
ResponderExcluirAdorei seu espaço e suas histórias!
Cheguei aqui através do Marcelo Dalla e adorei!
Beijinhos
Li
Lindo texto...viajei nele...senti a energia do seo Beira Mar, os conselhos de D.Antonia, a sabedoria real dessas energias, que nos deixam mensagens maravilhosas, mas que infelizmente para a maioria ainda nao é o bastante, porque não conseguem observar e entender a pureza dessa magia toda.
ResponderExcluirQto a sua pergunta... estou ainda especulando...depois de mais de 10 anos de sacerdócio, continuo estando sempre com esse mesmo questionamento!
Vc é a diferença que eu ADOROOOO!
Bela história!
ResponderExcluirViva a união!
;D
Lindooo adorei!
ResponderExcluirSó agora vi seu post. Vim correndo ler. Estou arrepiada! Muita energia, eu acho.
ResponderExcluirBeijos!
Valeu a pena, assim como vale sempre você comunicar pra gente os seus posts lá no Twitter. Você sabe amarrar assuntos como poucos, resultando sempre em textos interessantes e inteligentes.
ResponderExcluirAbraço dos Cuidadores online em nome da Central de Cuidadores
Beijos!
Andrea,
ResponderExcluirA forma como vc torna fácil a compreensão sobre o trabalho desenvolvido no terreiro é fantástica. Mesmo longos, seus textos fluem com uma leveza incrível. Parabéns novamente. Quanto à difícil pergunta... o trabalho de vocês é lindo colocado desta forma - como de tantos outros que atuam para um bem maior e nos ditamos da caridade em grupo e para um grupo. É um dar-se sem pedir nada em troca muito bonito. Mesmo buscando ser generosa, ajudando aos outros, senti-me uma mosquinha espiritualmente - tenho tanto que aprender... minha carência espiritual, até pela falta de uma religião com a qual eu tenha me identificado - apesar das tentativas, que não foram poucas - é abissal! :S Mas, confesso, tem sido um alívio e um aprendizado incrível te ler e ouvir em momentos mais punks. Por causa desta minha infantilidade espiritual, sei que ainda devo ter um longo caminho a percorrer aqui na Terra... #hardyfeelings (ó vida, ó dor, ó azar, rsrsrrs!) mas, vou continuar te lendo, aprendendo com vc, minha #twiga. Quem sabe eu melhoro.
Grande beijo,
Vany
oi querida
ResponderExcluirlindo texto
nesse momento tenho passado por momentos muitos dificieis,até me afastei do trabalho, aqui no Japão está muito pesado, médiuns sofrem muito com esses desastres,mesmo entendendo sobre o desencarne.
Acho que em cada gira do Terreiro um grande trabalho é feito,em questão de evolução acredito que seja em grupo,sempre que conseguiimos subir um degrau levamos muitos conosco.
axé
Bruxinha ,no meu entender para alcançar este ponto que você menciona preciso se faz que compreenda-mos o conceito verdadeiro de "caridade" e que tenha-mos em mente que para ser-mos caridosos impressindível se faz ser-mos primeiramente humildes.
ResponderExcluirMais uma vez PARABÉNS!!!!!!!
Cátia.
Andrea,
ResponderExcluirRespondendo a pergunta do final de seu texto:
- Você e os irmãos de fé de onde frequenta já fazem isso.
Se reúnem, doam seu tempo de terra, mantém uma casa de fé. Doam espaço para as entidades se manifestarem.
"A caridade que começa na percepção que mesmo sob a influência de diferentes Orixás, nós médiuns estamos ali para nos unirmos e nos compreendermos, para aceitarmos nossas diferenças e construirmos com elas um entendimento maior do Amor Divino. Que é na observação do movimento das entidades e na sua atuação, que temos que entender que é no equilíbrio de todas as energias, com as mais diferentes matizes,que este Amor Divino se faz presente."
ResponderExcluirEsse texto não sai da minha cabeça a dias, principalmente essa parte! Muito legal Andréa! Vlw!