Por volta das 8 da manhã, do dia 26 de dezembro de 2004, ocorreu um dos maiores tsunamis da era moderna no Oceano Índico. Um mês após o fato eu lancei pela Editora Juruá o livro Tsunami-A Onda Letal , sobre o ocorrido, falando também de outros tsunamis históricos,além de como se prevenir neste tipo de catástrofe natural e todas as conseqüências pós-tsunami.Apesar de já decorridos 6 anos, esta publicação continua sendo vendida, principalmente a estudantes. Na época acreditei que escrever um livro que apresentasse a história de tais eventos seria mais instrutivo do que apenas explorar o evento em si.
Sentei-me aqui em frente à tela deste computador para falar sobre Yemanjá e o livro não saía da minha cabeça. Falar sobre a Deusa do mar para brasileiro é tornar-se redundante e a força que seu elemento da natureza tem sobre nós, o mar, é , literalmente, chover no molhado Tenho um amigo que apesar de dizer que não gosta nem de umbanda nem de candomblé, não deixa de fazer entregas a Yemanjá todo ano para se fortalecer.Então, mediante a tanta admiração por Ela, resolvi começar pelo não tão óbvio.
Fomos educados para acreditar que a energia Divina tem reações humanas, o que é um grande erro. Deus "É", e não "Está". O Divino é Verbo presente e imutável.Assim como as energias cósmicas dos Orixás que fazem parte Dele. Na Umbanda Orixás não têm sentimentos humanos como nós: inveja, orgulho,ira ou até a mais simples predileção. Os tsunamis não ocorreram devido à fúria divina, como nenhum outro evento da natureza. O mundo em que vivemos é um organismo vivo, que produz alterações geológicas e, como toda ação resulta de uma reação, é óbvio que em algum momento presenciaremos tais reações.
Fazemos parte da Natureza e somos seres espirituais em evolução também.Todos os orixás são o Amor Divino em ação para nosso próprio desenvolvimento. Um amor como não conhecemos igual. Yemanjá é a prova disto. Simbolizada pelas águas do mar ,ela é em si um agente catalisador deste amor. Portanto nossos espíritos podem e devem entrar em sintonia com esta energia, para se purificar e se elevar.
Sempre gosto de brincar que sou como um rádio: às vezes, nos bons dias, capto a FM, nos maus, capto AM e ainda um pouco fora de sintonia. Contudo, em frente ao mar todos somos iguais. Quem não parou ainda para admirar a beleza das ondas e se sentiu apenas um espírito em comunhão com o sagrado? Quem não conversou com o mar e ficou ali aguardando uma resposta? O som hipnótico das ondas, é o canto das sereias, é o canto de uma mãe ninando e acalmando um filho confuso em seus pensamentos sobre a vivência.
Genéticamente viemos há milhões de anos do mar, espiritualmente ainda estamos nele. Eu imagino que bilhões de pessoas neste mundo pensando ao mesmo tempo formem oceanos de emoções e nela se sobressaem e atingem esferas de energia mais altas, quem tem um elemento preponderante: a fé.
Indubidavelmente Yemanjá nos ajuda na fé e a mantê-la. Não costumo, por ética, comentar atendimentos, mas creio que este que narrarei tem a capacidade de auxiliar mais pessoas. Um senhor veio pedir ao seo Beira Mar que 'energizasse" algumas conchas, na véspera do dia de Yemanjá, para que ele distribuisse à assistência da gira , em prol das vítimas da catástrofe no Rio de Janeiro, sua terra natal. Então ele pediu água e as energizou e as entregou falando o seguinte: "As conchas são descartes de organismos vivos no mar. Chegam à praia e serão com o tempo transformadas para outras utilidades. Que cada um que venha a receber estas conchas acenda uma vela à Yemanjá, pedindo que as pessoas que estão passando por esta transformação tenham força e entendimento, e se fortaleçam na fé." O bom de ser médium consciente é receber grandes ensinamentos.Eu aprendo sempre.
Há vida abundante no mar, nem os grandes cientistas conseguiram catalogar todas as espécies. Há muito o que se aprender também com ele em nossa vida pessoal e espiritual. Recuar e avançar quando as condições são favoráveis.Força e leveza combinadas. Equilíbrio. Talvez seja isso: sonhamos em ser surfistas nesta vida, mas nem sempre há ondas de energia suficientes para nos fazer deslizar pelo mar das oportunidades. A fé e a observação fazem os surfistas continuarem no mar. Os bons surfistas são corajosos e respeitam o mar que os acolhe no prazer de viver.
Sejamos assim em frente ao mar da vida que o Divino nos propiciou : corajosos e prudentes, tentando manter sempre o equilíbrio diante de nossas emoções e considerando que neste oceano de vida que vivemos estamos sempre ligados pelas águas de Yemanjá. Odoyá!
Que Yemanjá e Seu Beira-Mar nos proteja de todo mal.
ResponderExcluirLindo texto, querida!
Odoyá!
Vivendo, lendo a Déia e aprendendo cada vez mais...
ResponderExcluirUm beijo amiga querida, amo-te! Sempre luz!!
LIÇÃO de CASA treinar sempre ....EQUILIBRIO......ãããããããããããããã vou TREINAR...
ResponderExcluirOBRIGADÍSSIMA ... bjoka na bochecha esquerda.....e na direita...."EQUILIBRIO" =D
Cara Andréa, sou ateu... muito ateu! Não acredito em mundo mágico. Acho que foi o homem, na sua absoluta ignorância, quem criou os deuses. Sou muito racional.
ResponderExcluirMoro na beira do mar. Passei minha juventude fazendo caça submarina e navegando, curtindo nosso litoral, mas não tem jeito... até hoje, sempre que entro no mar, brado:
- Salve Iemanjá... Rainha do Mar... fala minha Deusa!
Para um brasileiro como eu, que mora de frente pro mar, sendo a praia o seu quintal,que gosta de samba, bossa nova e é flamenguista,as coisas são como vc disse: a força desse elemento da natureza é extremamente forte.
Mas fique sabendo que sou muito ateu!
Maravilhoso seu blog e vc escreve fácil e maravilhosamente bem. Não importa se eu concordo, ou não, com o seu pensamento.
Salve Iemanjá!
Abs.
@JovianoCaiado
http://www.ocomentarista.com.br
Deia assim pude vivenciar isso agora no dia a dia ; nos momentos de conflito me centrar ver o melhor caminho e me segurar na minha fé.Pra mim amo todas as ''yabás''. Mas não tem melhor que minha mãe: ela te escuta, te aconselha sempre a ir pelo bom caminho ,tem um amor incondicional ,te dá carinho, afago e proteção.Li em um dos livros qual tinha no tpm antes ;que iriamos passar por essas experiências e que é exatamente em outras palavras o que o seu beira mar disse.Mas em relação a conduta de vida e por amarmos e ser ciumenta ai se meche com um da sua próle vira um maremoto sim .
ResponderExcluirTem razão Andréa, grande sacada irmã. Todos os seres biológicos que habitam esta esfera, incluindo nossos corpos carnais, tem origem na mãe Yemanjá. Somos seres vivos irmãos nas águas do mar. Somos todos filhos de Yemanjá e um dia ao Filho dela, Omolú, que é a terra, seremos todos entregues para que nossos corpos carnais sejam consumidos.
ResponderExcluirNossas almas precisando também encontram nEla a mãe, afinal como diz a mitologia africana, Omolú foi abandonado por Nanã na praia, porque havia nascido coberto de chagas. Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves ferimentos na sua pele.
Yemanjá em sua infinita bondade O adotou. Com folhas de bananeira curou as suas feridas e pústulas e transformou-a num grande guerreiro e hábil caçador, que se cobria com palha-da-costa, não porque ainda escondesse as marcas de sua doença, como muitos pensam, mas porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o próprio Sol.
A relação de Omolú com a morte dá-se pelo fato de ele ser a terra, que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião da sua morte.
Odo-Yá! Atô-tô!
Aprendo com vc toda vez que aqui leio ! E a qualidade do texto, como boa escritora que és, é indiscutivel.
ResponderExcluirQuerida queridona.
ResponderExcluirLindo texto Andrea. Realmente, mesmo milhões de anos passados da nossa evolução não conseguiram "retirar" esse laço (hoje deveríamos dizer link)que temos com o nosso berço ancestral, berço de toda vida na terra e partilhado com todas espécies existentes. Todo rito ancestral, todas as religiões, toda forma de religiosidade sempre em suas celebrações e seus cultos possuem um momento de profunda transformação, de renovação espiritual, e normalmente a agua desempenha um papel importante. Mesmo sem nenhum conhecimento de biologia, sem grandes computadores, sem o avanço das ciências que atualmente infesta todos aspectos da vida humana, os antigos sabiam intuitivamente sobre a sua origem comum, da sopa primordial, olhavam para o mar, saudosos, e reconheciam ali o útero, a mãe agua, fecundada pela poeira estrelar que formou o universo. Somos assim, filhos do ceu e do mar.
Água é vida. É energia vital. Nascemos da água, somos gerados por nove meses numa bolsa de líquido amniótico, então a interação do ser humano com a água é perfeita. Ele se renova nela. E a energia de Yemanjá opera em nós o milagre de renovação da fé e esperança, através da água. Lavamos nosso corpo e nossa alma. E eu não estou num bom dia pra fazer comentário. Senti mais do que consegui falar. Beijo, amada. Vc é maravilhosa sempre!
ResponderExcluirOdayá, minha mãe!!! Aprendo sempre com seus textos, minha querida!!! gratidão!!!
ResponderExcluirbjosssssss
Andrea, não sou como o Joviano, muito ateu, penso que sou mais atoa que ateu. Não que acredite ou duvide da existência de DEUS, ou Deuses, mas como não encontro explicações pra muitas coisas, prefiro às vezes deixar a responsabilidade com Ele/Eles.
ResponderExcluirPode parecer meio comodo isso, mas foi a forma que encontrei, sem guerrear com a natureza, que as coisas se me esclareçam.
Por exemplo, tenho verdadeira paúra do mar noturno. Já tentei conversar com ele, mas não chegamos, ainda, a um bom termo, então... ele lá eu cá!
Já me disseram uma vez quem sou regida por ela. Então, que as águas de minha vida sejam calmas e que me tornem cada vez mais um potencial de amor!!!
ResponderExcluirLindo...
ResponderExcluir"A doce água!!!"
ResponderExcluirOlá querida ANDRÉA, gostei demais de conhecer o seu lindo Blog e ler com bastante interesse e atenção os seus textos, que nos brindam com informações culturais,científicas, sentimentais e religiosas. No Brasil, - segundo Houaiss - no candomblé ortodoxo e em outras seitas dele derivadas, é a orixá das águas salgadas, considerada mãe de outros orixás; Inaê, Janaína, Princesa do Aiocá ou Arocá, Princesa do Mar, Rainha do Mar, Sereia do Mar. Todos nós, pelo sincretismo ou mesmo por opção religiosa, temos uma aproximação com A Deusa do Mar. Tenho uma filha que se chama JANAÍNA, e que nasceu no dia 19 de fevereiro. No dia 18, lembro-me muito bem (e isso há mais de 30 anos) estávamos nos três (eu a minha esposa Beth e a JANAÍNA) em frente ao Mar, na Praia de Itacuruçá, Costa Verde Fluminense. Grande beijo.
ResponderExcluirMuita proteção a todos nós.
ResponderExcluirBeijos querida!
Quando entro em sintonia com as energias de minha Mãe ,seja girando para ela no terreiro ou simplismente me deixando conduzir pelos seus longos e carinhosos braços,consigo até sentir o cheiro do Mar.Magnífico manancial de poder e Amor emanam do Mar,pudera poder eu estar em contato também físico não só energético com ele ,todos os dias de minha vida.Mesmo antes de começar minha jornada na Umbanda,de certa maneira eu já sabia que sou filha de Iemanja,AMO o Mar e adoro azul.Mas ser filha dela não é só isto...
ResponderExcluirBruxinha PARABÈNS ,o texto esta magnìfico!!!!
Cátia.