quarta-feira, 30 de junho de 2010

Das Terras de Jurema!




Com essa coisa toda de Copa do Mundo, acabamos escutando algumas besteiras. Essa difusão de que a Umbanda é africana não sei de onde saiu, mas percorre o twitter dos desavisados. A palavra Orixá é de origem africana ,mas Umbanda é brasileira!
Sempre falo aqui que Orixá não é um ser, é antes de tudo uma energia provinda de Deus, um aspecto apenas Dele, para que possamos com nosso pequeno entendimento olhar para a Sua Grandeza. Energias que sempre existiram e sempre existirão. Meu primeiro contato com o entendimento do que é um orixá não foi na Umbanda, mas sim na igreja católica, para a qual eu trabalhava. Naquele tempo não era adepta de nenhuma religião. Todos nós passávamos por cursos para entender a religiosidade de uma forma ampla. Durante uma hora um religioso de Recife falou de todos os atributos de Yemanjá. Confesso que tinha um conhecimento imenso e nos mostrou uma face maravilhosa desta Orixá. Certa vez, de tanto perguntar, um outro religioso me contou o porquê das escolas deles terem tantas árvores em volta: é que a mata tem um tipo de energia que aguça a inteligência humana. A mata a que ele se referiu é o domínio realmente de um orixá: Oxóssi.
Eu sou completamente apaixonada por esta energia e pelos filhos dela.Admiro todos os caboclos e caboclas de Oxóssi. Seo Folha Verde ,entidade desta linha, quando desce no terreiro em seus médiuns, Pai Jussaro e na Mãe Lucília, me fazem transbordar de emoção literalmente. A sensação que se tem é que há ali uma tribo inteira, não só uma entidade.E a pedido de meu filho mais novo , que é filho de Oxóssi e afilhado do Seo Folha Verde, ao saber que escreveria sobre este orixá pediu que eu falasse que este caboclo citado é uma ligação dos homens com a energia da mata, como são todos os caboclos/caboclas desta linha.
Para exemplificar aos leigos, vou falar aqui de um ilustre homem, que eu acredito ser um grande exemplo de ser possuidor desta energia de Oxóssi e que nasceu há quase 200 anos atrás. Ele reconheceu seu amor pela natureza ainda muito pequeno, quando levava as vacas de propriedade dos pais para pastar. Seu nome era Henry David Thoreau.Na adolescência, ajudou o naturalista suíço Louis Agassiz a coletar espécimes da região para estudo. Formou-se em Literatura clássica e Letras. Fez parte de um grupo que se chamava os transcendentalistas, mas quando se discutia sobre reencarnação sempre falava: vamos viver uma vida de cada vez e não discutir isso.
Porque Thoreau foi tão importante? Porque seus ensinamentos foram colocados em prática com sucesso por Mahatma Gandhi. Porque influenciou ainda pessoas como Tolstói e Martin Luther King Jr. Há duzentos anos atrás já era abolicionista e naturalista, visitava com freqüencia tribos indígenas(coisa que era impensável na época) e seu pensamento político era extremamente atual:"Não peço, imediatamente por nenhum governo, mas imediatamente desejo um governo melhor"
Oxóssi é caçador. Ele vem e nos alimenta a alma de conhecimentos que edificam. Cura-nos da ignorância que nos levam para abismos como o preconceito e a intolerância. Sua condição de simplicidade e ao mesmo tempo abundância no amor ao próximo nos afasta do egoísmo e do egocentrismo, um mal arrasador. É a energia da prosperidade irrestrita, que vem da condição de respeitar a vida onde quer que ela se manifeste. Oxóssi educa com sorriso e acalma com um abraço.
Na última segunda-feira havia me programado para falar primeiro de Ogum que nos forja a alma e depois de Oxóssi que a educa e a alimenta.Então me deparo com a mensagem do Caboclo Junco Verde para todos os médiuns do terreiro que frequento, mas que certamente serve para todo ser humano que trilha o caminho da verdadeira caridade:
"Deve ser avisado a todas as pessoas das giras que a Umbanda mantem um exército que obedece as ordens de Oxalá. Igual ao exército da Terra, os soldados da Umbanda tem como compromisso assumido no amaci*:defender os fracos;enaltecer os humildes; coibir a prepotência; tirar da escuridão os aflitos, os desesperados e os obsediados; curar os doentes; alegrar os tristes;acalmar os nervosos;. aliviar a dor; encaminhar os desajustados; salvar os viciados e trazer honra para a religião brasileira que é a Umbanda. Quem não quiser fazer isso pode se juntar aos pedintes do amor. Quem se doa, ganha." CABOCLO JUNCO VERDE - 28.06.2010

13 comentários:

  1. Me sinto um pouco espantado e ao mesmo tempo feliz ,quando voce disse de manhã que o texto que eu tinha publicado no blog tinha um pouco a ver com o que voce postaria eu nao imaginava que poderia ser tão complementar .
    Com isso tenho a sensação de que todas as pessoas tem uma certa ligação quando se conhecem mesmo que seja virtualmente , parece que tinhamos o pulsar de uma energia parecida como se algo realmente tivesse a necessidade de se expressar .Confesso que escrevi aquele texto meio sem compromisso as idéias foram surgindo e eu fui jogando em palavras mass vejo agora o porque de tudo aquilo ...

    Primeiro um dia desses sonhei que subi em uma escada e quando cheguei no lugar de destino eu quis descer ,de repente no sonho uma voz gritou não , não vai não e um vento forte soprou e derrubou a escada , no mesmo dia você me mandou uma mensagem no twitter desejado que os ventos de Iansã me trouxessem prosperidade , agora essa mensagem que voces receberam na gira ! Olha perdoe se o meu comentario está confuso mas estou muito impressionado

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  2. a umbanda é amor, serviço ao próximo com simplicidade.
    Nada contra qq religião, mas não da para, em nome de conveniencias, africanizar uma religião brasileira e tentar trazer pra ela praticas q não se harmonizam com o amor de Deus a todas as suas criaturas. Um mau engenheiro não nega os benefícios da engenharia, assim como praticas equivocadas não negam a essência da umbanda. O tempo trata de colocar cada coisa em seu lugar. Salve os caboclos! Salve todas as falanges da umbanda!

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  3. "Benditos os que nunca lêem jornais, porque verão a Natureza e, através dela, Deus" ~Sir Henry David Thoreau

    É a Onda Verde que você está pressentindo minha amiga! : ) Axé, shaloom, namastê, aleluia, As-Salamu Alaikum! ( :

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  4. Na minha opinião a definição das "específicas" entidades que compõem o panteão espiritual das religiões é, muitas vezes, justamente a fonte de tanta segregação entre as crenças.

    Quando se fala em Orixás e em Anjos e em Gênios, são poucos os que enxergam que se está falando da mesma coisa, mas muitas vezes um quer apenas ter mais razão que o outro quando, na verdade, ninguém tem razão. Não há bois para se dar nomes.

    Espiritualidade não é nada sobre razão, uma coisa não tem a ver com a outra.

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  5. Amiga querida, como sempre o seu texto tem o poder de falar com simplicidade e amor sobre os nosso amigos espirituais, com uma clareza e respeito que é extremamente tocante.Como ja disse aqui, é um privilégio ler o seu blog e ter conhecido vc, ainda que por enquanto virtualmente. Obrigada pela lição.Beijos

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  6. Gratidão por estar abdicando seu tempo, precioso tempo, para expressar sentimentos, mensagens e inspirações mediúnicas em palavras para o mundo..quando percebemos que ações como a sua, de escrever em nome do BEM, estão sendo cumpridas, aí me nutro de amor e vejo que não estou só. Grata minha irmã! e bons ventos pra vc!
    com amor
    Fer Dorta

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  7. Oba, tem post da Andréa! =)
    Querida, gostei muito da sua preocupação em alertar para os equívocos que envolvem a origem da Umbanda. Entristece-me a intolerância das pessoas no Twitter, que usou como exemplo, mas neste caso penso que não é culpa de muitas delas, porque as práticas para o BEM nessa linda religião são pouco difundidas quando comparadas a outras, né?
    Certa vez, por exemplo, no dia de Ogum, twittei saudações e trechos de pontos, e um colega de trabalho falou: “nossa, que tweet de macumba é aquele? Credo!”. Eu, com muita paciência, empenhei-me em explicar do que se tratava e salientar que não havia nada de mal naquilo, ao que ele respondeu tenro: “ah, ta, é como se diz ‘amém’, não sabia. Que bonito!”, concluindo da maneira que para ele era mais fácil de assimilar.
    Oxóssi... quanta emoção! Penso que a natureza é tão perfeita que o homem deveria, para criar seu ideal de perfeição, antes se inspirar nela do que no “belo” grego. Há simetria nas formas da natureza, há o bem que emana dela e que as pessoas tanto buscam, incessantemente, em muitas outras coisas, esquecendo-se de tentar extraí-lo das matas, das cachoeiras, do mar (“...misterioso mar/ que vem do horizonte/ é o berço das sereias/ lendário e fascinante”), enfim, de tudo o que a natureza nos oferece sem pedir nada em troca. Não consigo conceber o fato de o homem a maltratar e depois ficar às voltas com as tormentas; os tsunamis, terremotos, etc.
    Gosto muito, muito mesmo, quando você posta mensagens das entidades. Por isso, permita-me compartilhar uma linda mensagem que tive o privilégio de receber de um baiano (e me perdoe não saber exatamente o nome dele) na segunda vez em que “me consultei” na Umbanda. Só para situar, eu estava passando por uma fase bem difícil, como já te contei, e na primeira vez que fui, embora tivesse escutado palavras que levarei para toda a vida (e para além dela), quis voltar porque, em minha cabeça, precisava ouvir alguma coisa que se relacionasse diretamente ao meu relacionamento afetivo. Não entendia que, tendo meus problemas se originado disso (era assim que eu erroneamente pensava), as entidades com as quais falei não tivessem “tocado no assunto”, hehehe. Pois bem; incorporado na mesma médium da outra vez, o baiano me deu um “conselho” tal, que gostaria de compartilhar de tão significativo que é para muitas situações e que deve servir para muitas pessoas:
    “Aproveite o vento, porque enquanto o vento tá soprando ta balançando o coqueiro, que tá derrubando os cocos que têm água pra alimentar a sede da minha fia. Mas se tu não aproveitá o vento o coqueiro não vai dá coco e não vai ter água pra tu beber”
    O “conselho” que recebi anda comigo, dorme comigo e me acompanha na tomada de decisões. Eu chamo ingenuamente de “ensinamento dos coqueiros”, que já é íntimo da mamãe, do papai, da vovó e de muitos outros na família porque eu já o repeti várias vezes. Meus pais, que como te falei não eram muito chegados do assunto, hoje costumam me alertar toda vez que penso em desistir de alguma oportunidade que pareça boa: “filha, lembra do coqueiro, hein? Aproveite o vento!”
    Isso também me lembra a filosofia “carpe diem” do fabuloso “Sociedade dos Poetas Mortos”, né? Como as coisas se interligam! Como são sábias as entidades de Umbanda! Somos sábios também todos nós, em alguns aspectos, porque também temos (em menor proporção) a brilhante capacidade de fazer alguém feliz com uma simples palavra ou gesto. Ontem, mesmo, cumprimentei uma pessoa de que gosto muito, um amigo que sempre me anima e que está sempre “de bem com a vida”, e ele disse que minhas palavras o fizeram chorar. Não é a primeira vez que me dizem isso, e eu não sei por que isso acontece, mas não deve ser um choro ruim, hehehe.
    Obrigada por compartilhar os posts sempre, viu? Tenha dias de muita luz, e por favor mande meu “muito obrigada” também às entidades com as quais “convive” na casa que frequenta.
    Abraço fraternal,
    Marcela Marcos

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  8. Mocinha....sabe o CHIQUINHO ? aquele de ASSIS....??? que ORGULHO sente de suas letrinhas...!!!
    E que ORGULHO sinto eu !A ENERGIA é tão grande em cada parágrafo , é tanto que aprendo...

    OBRIGADÍSSIMA !!!
    bjoka na bochecha esquerda com montão de ADMRÇÃO.. ssssssssssssssssssssssssssPOW!!!\o/

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  9. Que legal, você tem toda razão: A Umbanda nasceu em Niterói/RJ, Thoreau foi um grande sujeito, e os Orixás sempre auxiliaram a inspirar os verdadeiros religiosos, embora cada doutrina os chame por um nome específico (anjos, daemons, devas, etc.)... Fato é que bons espíritos por aí sempre estiveram, sempre estarão, graças a Deus.

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  10. Cara Andréia,
    Lindo seu artigo. Suas palavras refletem a luz do amor que você tem por Deus e toda sua criação, incluindo aí, claro, os Orixás e toda sua natureza. Parabéns, querida! Axé!

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  11. Querida Andréia, realmente vc está de parabéns pelo seu texto, mais uma vez, coerente e consciente. Emocionei-me muito, ao falar do Caboclo Junco Verde, o qual tive o privilégio de conhecê-lo muito bem, na "cabeça" de minha avó carnal (que era mãe de santo), onde hoje, eu assumo esta casa. Essa entidade é de uma sabedoria inigualável! Tenho a honra, de ainda hoje, poder cuidá-lo dentro do meu ilè, pois o espiríto não morre nunca!.
    Através de seu texto, recebi todo o seu recado. Parabéns e muito Asè para vc e todos os seus! Certamente darei RT em meu twitter.
    Ìyálorisá Elaine ti Òsún

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  12. Oke Caboclo!! saravá Oxóssi, sarava seu Tukuiuiu, Saravá Andrea, lindo seu texto.

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