Criatividade e Mediunidade

Terça de carnaval, hora do almoço e todo mundo em casa. Televisão só com assuntos carnavalescos. Qual não foi minha surpresa em ver uma magnífica entrevista com o Elton Medeiros (músico) no Canal Futura. O cara simplesmente arrasou quando perguntado se a criação dos sambas seria mesmo 20% de inspiração e 80% de transpiração (pergunta, diga-se de passagem, batidíssima e horrorosa). Calmamente responde que a criação se assemelha à mediunidade.
Seria mais ou menos assim, pelas palavras dele: a mediunidade é algo sutil como é a criação e muito prazerosa. A criação se assemelha a você receber uma entidade calma que sutilmente vai soprando as informações. Algo bonito e sincero.
A minha vida inteira amei escrever, criar. Todos os trabalhos que tive até hoje fiz questão de envolver a criatividade escrita, pois é da minha essência. A mediunidade foi algo que decidi desenvolver quando escolhi a religião que seguiria.
Não tenho muito conhecimento para discorrer sobre minha religião, mas estes dias ouvi de uma amiga o seguinte: estou duvidando de minha mediunidade, pois tudo na minha vida está dando errado. Nunca tinha ouvido alguém falar isto e eu mesma nunca pensei deste jeito, e confesso que isso não saiu da minha cabeça, mas o Elton Medeiros me deu uma luz com o seu depoimento.
Desde que ingressei no mundo dos escritores e jornalistas, me extasia ler textos criativos. Na verdade me estimula de sobremaneira. Falar das verdades da vida com bom humor então, sem prepotências nem arrogâncias, é se aproximar do paraíso. Para o escritor , no meu entender, o importante é o escrever em si. Se alguém gostar será legal, mas se você se satisfizer é bem melhor. Duvido que alguém que tenha o dom de escrever pense , em sã consciência, que vai ficar rico com isto. Se conseguir sobreviver do que escreve já é um herói.
A mediunidade encerra em si mesmo um prazer muito grande. Como médiuns conscientes que somos, ouvir sair de nossas bocas coisas tão simples que não imaginaríamos momentos antes. Conhecimento que se adquire em palavras e gestos simples. Conselhos que antes de serem para os atendidos, se voltam como exemplos de nossa própria vida cotidiana. Na mediunidade o que sai sem querer da boca entra pelos nossos ouvidos e muda definitivamente o coração que anseia por novas sementes. E aí se resume toda a magia. E isso já é um processo bem complexo pra uma mente racional entender.
Respeito que cada um entra pra uma religião com um propósito. Como respeito que cada um escolha sua profissão conforme seus dons. Mas penso que qualquer escolha, qualquer uma seja sempre feita com amor, não pelo objeto escolhido ,mas antes por nós mesmos,por nossos prazeres pessoais.