quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Mediunidade Inconsciente?

Todos somos médiuns em maior ou menor grau.Sinceramente? Não gosto desta frase. Equivale a dizer que
somos bons ou maus em maior ou menor grau, só uma constatação,mais nada. É preferível dizer que na vida teremos pelo menos uma experiência mediúnica.Este entendimento pode fazer diferença na visão geral do processo mediúnico.
Somos seres ritualísticos, independente de religião. Por mais céticos que possamos ser, desenvolvemos todo um ritual em nossa rotina e se, por qualquer motivo ela se quebra, ativamos toda nossa consciência em busca do que possa sair de errado.Vou ser mais clara: imagine que uma pessoa ,por anos a fio, levanta as 7 da manhã, escova os dentes, prepara o café e faz sua primeira refeição ouvindo as notícias do dia que começa. Se ,neste ritual, algo não funciona como desejado (a escova de dentes estraga, o café cai no chão,etc) imediatamente uma luz vermelha se acende no cérebro como se fosse um sinal de perigo,fazendo com que nossa consciência se expanda para descobrir o que pode dar errado durante o dia. Pode parecer engraçado, mas de fato ocorre. A Umbanda possui uma gama imensa de rituais que dependem exclusivamente da visão dos pais e mães de santo, o que para nós é uma grande Graça Divina, pois podemos escolher qual é o melhor para absorvermos e compreendermos as energias que nos regem, protegem e auxiliam no bem que possa ser realizado em nós e por nosso intermédio.
Certo dia conversava com um amigo sobre mediunidade inconsciente. Como em minha vida ,algumas vezes, moradores de rua em estado alterado de consciência vieram me dar "mensagens" que me auxiliaram muito acredito que estas pessoas sejam mensageiros inconscientes. A inconsciência na mediunidade, porém, não é algo proveitoso, além de ser perigoso: muitos umbandistas sabem que a mensagem que é passada para o consulente, muitas vezes nos servem também. Imagine você emprestando seu carro para uma pessoa dirigir vendada num trânsito pesado: não há como isto dar certo.
Mas não é a mediunidade inconsciente que me preocupa: o que me faz pensar é a consciência do umbandista. Quantas vezes você se alimenta pensando no que está ingerindo? Ou quantas vezes você anda pela rua prestando atenção no caminho? Nossa mente sempre está em movimento, mas poucas muito poucas vezes está atenta ao momento presente. Quando um filho está passando por dificuldades e tentamos ajudá-lo, nossa consciência estará onde ele estiver. Nosso pensamento gera energia para que estejamos "presentes" onde julgarmos mais importante.
Se estamos apaixonados, nossa mente estará com o ser amado e se, por algum motivo, não tenhamos informações desta pessoa ou não consigamos contato imediato, a mente já elabora situações que possam estar ocorrendo para explicarmos a ausência. São estas coisas que "achamos" que podem diminuir nossa faixa vibratória: medo de perder o amor, o emprego, a saúde. Neste ponto ocorre o que o Caboclo do Mar chama de auto-obsessão, que pode nos trazer muitos transtornos e sofrimentos desnecessários.
O ponto que eu quero chegar é: por onde anda  consciência do umbandista? O que queremos da religião de fato? São travadas guerras estúpidas pela atenção do pai ou mãe de santo, seja para ouvir que é um bom médium, para minar a confiança deles em alguém que está "aparecendo demais" ou galgar  "cargo" na hierarquia. Os que praticam estas coisas, em meu pequeno entendimento, só podem ser médiuns umbandistas totalmente inconscientes da missão da religião no Brasil.
A consciência plena em uma gira é também um grande aliado no processo de conhecimento. Observar os movimentos sem julgamento preconceituoso, observar a si mesmo e perguntar sempre que necessitar são elementos mais do que necessários para a evolução da Umbanda, que começa necessariamente em nós mesmos.
Como religiosos temos mais chances de experimentarmos grandes e maravilhosas experiências mediúnicas, independente da religião, mas é ,antes de tudo, necessário comprometimento. Uma experiência mediúnica só se tornará relevante se auxiliar a mudar o nosso padrão vibratório e do próximo em relação a problemas que tenhamos que resolver. A mediunidade pode ser um lenitivo para as dores do dia-a-dia, mas na Umbanda ela é, principalmente, um instrumento de transmutação energética e deve ser sempre levada a sério, pois somos médiuns 24 horas por dia. "Batucai" e vigiai seus pensamentos sempre!

5 comentários:

  1. Oi Andréa, como vai?
    Eu encontrei seu post no Face e vim aqui para ler... mas uma coisa ficou confusa na minha cabeça... Tipo, qual a relação entre mediunidade e ritualística que vc estabelece nos primeiros parágrafos?

    No demais, ótimo texto!

    Abs.

    Nino Denani
    www.artefolk.com.br

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    1. Olá Nino! Apesar de ser algo pertinente a quem conduz o terreiro, o ritual está intimamente ligado ao processo mediúnico. Se o ritual não agrada, o resultado da mediunidade dentro da gira não é tão bom.Vejo alguns médiuns que , ao invés de ter uma conversa franca com o dirigente, preferem ficar 'falando pelos cantos" sobre o que está 'errado".Por outro lado se vc confia em quem dirige, tem a mente mais calma para fazer o link com Aruanda. É minha opinião.....

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    2. Entendo o ponto de vista, Andréa... e concordo em partes... obrigado pelo esclarecimento, não tinha ficado claro isso no texto!

      Abs.

      Nino Denani
      www.artefolk.com.br

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  2. querida guru,aqui estou novamente me metendo onde não sou chamado,porém não consigo ver um link teu sem que corra para ler.Bingo neste post,mas se me permites a intromissão,simplesmente à titulo de esclarecimento,acho que vai uma grande diferença de um médium inconsciente dentro de um terreiro sério,da mediunidade de um morador de rua.Talvez esteja assim falando por não ter entendido bem tua explanaçãoà respeito,mas o morador de rua,já vive numa situação de miséria,desamparo,ligado as mais diversas mentes enfraquecidas,porém de maneira nenhuma deixaram de ser médiuns,razão pela qual vez por outra são rapidamente dominados por espiritos de luz que ainda tentam tirá-lo de tal situação,usando o corpo material para se comunicar com outros seres viventes aqui neste mundo,pórém com uma aurea brilhante a extravasar luz.fatalmente teu caso em particular.já nos terreiros,realmente através do desenvolvimento mental e espiritual de cada um,no meu ver, é que o médium vai,digamos assim,subindo degraus na mente acompanhado de seus orientadores espirituais,sendo que ainda em plena consciência carnal{ o aparelho}.Se a "Casa" for realmente levada à sério e com fé,aos poucos um ou outro médium,galga um degrau acima,pois fomos escolhidos a dedo para desempenharmos tais funções.O médium novo,precisa antes de tudo se familializar com suas Entidades e deixá-las usar seu corpo carnal naturalmente durante à sessão,evitando que seus pensamentos interfiram no que dá vontade de falar.Não sei se estou me fazendo entender.Mas vamos lá.Após este periodo,o médium consciente,começa a questionar suas palavras e atutudes,uma vez que lembra de tudo e sabe de tudo que foi conversado,é aí que o mentor ou mentores começam a se utilizar de mais ectoplasma do médium ,deixando num estágio de semi consciência,tendo o mesmo ao final da conversa ou sessão,ficando com a chamada "pulga atrás da orelha",pois algumas coisas é lembrado,porém as mais importantes ou confidenciais somem totalmente de sua mente.Esta para mim é a fase mais dificil de um médium psicofônico,até que o mesmo atinge um nivel que para ele a caridade e sua fé,é a razão primordial de sua presença,pois ele já está totalmente conscientizado de que os que o procuram com fé real,pouco estão se importando se ele é consciente ou não.Asimm o mesmo acontece com este médium,ele não se preocupa com o que vão falar ou acontecer,pois ele se entrega ao incio dos trabalhos de corpo e alma.Já a questão de ritual,acho eu que cada casa procura se adquar ao zelador ou zeladora,sendo que são estes que abrem a chamada "GIRA" de uma maneira que ele acha que seja da melhor forma.Algumas casas ,como nosso cantinho de orações,por exemplo,abrem com o ritual de preces,salva ao Gongá se batendo a cabeça,uma pequena preleção e aí então procedemos ao inicio propriamente dito da Gira,cantando um ponto para Ogum,para abertura dos trabalhos.
    Agora veja bem,esta é minha opinião,há diversos seguimentos diferentes,ou seja,diversos modos de se abrir e conduzir uma sessão,porém a nossa Umbanda de hj,já está totalmente diversificada em relação a de Zélio de Moraes,mas acho isto uma evolução.Desculpe-me a intromissão,mas contigo me sinto à vontade para explanar minhas humildes opiniões,uma vez que sabes,me considero um eterno aprendiz.Que esta postagem passe teu crivo e fique à vontade para se caso for embargá-la.Bjs deste que muito te admira Paulo.

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    1. Meu querido Paulo, que minha mãe Yansã te abençoe em todos os seus caminhos e que meu pai Beira Mar seja sempre contigo.Concordo com cada linha que aqui colocaste e este texto é exatamente para isto: chamar a atenção, não para a consciência na prática da mediunidade,mas na pratica da Umbanda. Creio, pelo que tenho visto, alguns médiuns não tem a plena consciência do amor, fé e caridade e ficam gastando seu tempo em disputas de ego totalmente desnecessárias, que vc com toda sua experiência nesta religião já presenciou. Nós como grupo temos que evoluir a tal ponto que estas, me desculpe o termo, mesquinharias do ego deixem de existir e todos sejamos extremamente conscientes do que estamos fazendo. Grata sempre por tua amizade!

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