segunda-feira, 12 de julho de 2010

Deusa Brasileira



Há dois anos atrás fui passar pela primeira vez o ano novo na praia. E pensei, olhando para todos em volta como é linda esta festa universal que ao mesmo tempo é a única que consegue agregar tantas religiões lado a lado, envoltas numa alegria genuína, alentada pela esperança de dias melhores, fato que se fosse possível de se prolongar pelo resto do ano, traria com certeza uma qualidade de vida muito melhor. Falar das belezas da energia de Yemanjá fica então redundante. Quem já não foi na beira da praia fazer seus pedidos ou pelo menos agradecer ao Divino? Quem não a conhece?
O mar é um mistério para o ser humano. Cantado em verso e prosa pelos homens de todas as nacionalidades. Sua imensidão é correlata à imensidão Divina. Nós, pequenos mortais, ao admirá-lo ficamos extasiados por sua energia que é sentida, processada e inexprimível em palavras. Como se o medo e o amor se misturassem e se tornassem um terceiro sentimento.
Tenho um amigo que graças a interpretações erradas da religião, é contra a Umbanda e religiões afins. Está no direito dele e não deixa de ser meu amigo. Descobri que secretamente, todo ano novo, manda fazer entregas para Yemanjá. Não poderia ser diferente. É uma pessoa do bem e a força de Yemanjá está relacionada justamente as pessoas humanitárias.
Lendo umas postagens no twitter da Fabi (@afffabi) , me dei conta de um grande exemplo de pessoa ligada à energia de Yemanjá, corroborada pela matéria que vi no Fantástico: o Dr, Dráuzio Varella. Enquanto o governo brasileiro se preocupa em acudir tragédias fora de nossos limites, ele sabiamente mostrava em quão deplorável estado se mantém as vítimas das enchentes no Nordeste e quais as formas de ajudá-los. A sua fala simples e seu trabalho em prol da humanidade brasileira, o amor ao que faz, são exemplos da energia materna de Yemanjá. É muito fácil relacionar este Orixá com mulheres, mas quando um homem se propõe a ser maternal o faz com uma categoria inigualável.
Precisamos tanto da energia de Yemanjá nestes tempos de desagregação e dissolução de valores. É esta energia que faz com que todos se unam embaixo do mesmo teto, que é o amor ao próximo e a caridade. Regidos por esta energia da Criação, seus filhos acabam por ter um defeito decorrente do excesso de amor: o ciúme, que pode ser administrado com consciência.
Ao pensar em escrever sobre nossa deusa brasileira, uma energia toda se movimentou e apareceram várias pessoas me escrevendo sobre ela. Uma delas foi o Nacir Sales de São Paulo que me falou sobre o ‘polvo vidente’.Diz ele “Entre a bandeira do 3 Reich do Partido Nacional Socialista e a Bandeira do Brasil, o polvo escolheria como polvo e não como humano. Fortalecer o mito fundado no falso, principalmente envolvendo um animal delicado com o polvo é dar continuidade à história da manipulação.A paixão partidária não está acima da bioética que é um compromisso maior meu e de Iemanjá, compromisso para o qual lhe convido.”
Ele corretamente nos lembra de algo essencial: a paixão partidária não está acima da bioética. Nada pode ser mais importante para nossa vivência do que o respeito à natureza. Em conversa com o lindinho, ele desabafava falando que nossas fontes de energia, os locais que o Divino nos provê para crescermos e nos encontrarmos com Ele estão sendo cada vez mais agredidos.
Aproveito a fala do Nacir e à lembrança do lindinho para pedir que nos comprometamos com as forças da natureza de Yemanjá, Oxum, Oxossi, Xangô e procuremos um caminho com o apoio de Ogum e a força de Yansã para preservar o bem maior da humanidade, com as bênçãos de Oxalá.
Gostaria de lembrar também que ao fazer entregas à Yemanjá sempre tenham em mente o uso de materiais que não poluam o meio ambiente.
Dedico esta postagem ao Pai Maneco, entidade que repassa a tantas pessoas necessitadas o amor incondicional de Yemanjá.
A foto que postei aqui foi gentilmente cedida por minha amiga Nely Rosa, uma retratista brilhante de Fortaleza. Seu contato é @nelyrosa.
Para entrar em contato com o Nacir Sales acesse: http://www.meadiciona.com/nacirsales
Site do Dr. Dráuzio Varella: http://www.drauziovarella.com.br/

13 comentários:

  1. Quem dera todos nós possamos ser tocados profunda e infinitamente pelas bençãos de Yemanjá, acordando em nós definitivamente a prática da caridade e do respeito ao nosso próximo.

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  2. Estou aprendendo a me preparar emocionalmente para ler os seus textos, mas ainda me emociona muito a forma essencialmente profunda das suas linhas e entrelinhas. Parabéns mais uma vez e que os orixás continuem a lhe usar como um sopro que desperta os homens para a realidade divina. Axé!

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  3. Oi minha querida, adorei o texto, chegou em boa hora... quando estou com algum problema vou à beira da praia e converso com Yemanjá e meu padrinho Marujo,mesmo quando não posso ir e mentalizo, eles sempre me dão uma resposta. Ótima semana, beijos

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  4. Andrea, agradeço a referência em seu artigo. De repente comecei a ver em toda parte, no twitter, na tv, comentários aqui e ali sobre o tal polvo: não entendi nada. Depois vi que se tratava de um polvo em um aquário que entre uma bandeira e outra "advinhava" o ganhador do jogo desta finda copa de 2010. Tão rápido quanto surgiu a crença nos poderes mágicos do polvo também surgiu a descrença, esta fundada na verdadeira palavra mágica: CONHECIMENTO! O polvo (semelhante ao povo) nada escolhia em termos de equipes de futebol, mas era atraído pela cor da bandeira que seus sensores naturais captavam. Assim, polvo e o povo uniram-se em uma locura coletiva. O primeiro provocando inconscientemente e o segundo provando sua abertura total para o poder sedutor do mito. Rapidamente a política se apropriou da banalização coletiva e passaram a comparar as escolhas do polvo entre as cores de duas bandeiras e dai induzir o povo à crença do poder advinhatório do polvo. Assim como é um atentado ao polvo convertê-lo em oráculo do povo é igual atentado ao povo conduzí-lo a partir dos sensores do polvo. É uma bizarria? Sim, até que alguém resgate por alguns segundos a lucidez deste transe midiático.
    E o seu post tem este objetivo, motivo pelo qual irei divulga-lo para próxima edição do Dr. Negociação Tv.
    um beijo,

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  5. Upa, desta vez não posso concordar. O Sr. Varella definitivamente não está no meu rol de admiráveis. Muito pelo contrário. Talvez por que ele represente para mim um do médicos de botique que - há tempos não vê um paciente pela frente e dita regras de mais para quem faz realmente muito pouco. Drauzio para mim é uma daquelas pessoas que cobram ação e atira em comportamentos considerando isso atitude. Eu preciso de mais para admirar alguém. [Profissionalmente, claro. O ser humano, eu não conheço].
    Talvez isso tenha relação com o fato de eu conviver com tantos Doutores que põe anonimamente a mão na massa. E com o fato de eu ter conhecido um pouquinho do lado do que passaram os policiais que ele tanto atacou... Talvez por vê-lo tantas vezes bradar desconfianças da ciência como verdade absoluta. Definitivamente, sendo ele filho do orixá que for, não consigo admirá-lo.
    De qualquer maneira, seu texto e você são - como sempre - dignos de aplausos.

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  6. Querida, obrigada por me proporcionar tais maravilhosas leituras. Não sei se já disse, mas admiro a capacidade que tem de relacionar assuntos cotidianos com a religião. Não é, absolutamente, pra qualquer um! Falar de Yemanjá me emociona fortemente, mais do que qualquer outro orixá, confesso. Isso porque, quando era criança, nem sabia o que era Umbanda mas meu tio (não "de sangue", mas casado com minha tia) a oferendava não somente no réveillon, como todas as vezes que ia à praia, onde meus avós paternos moravam. Ele me ensinava a fazer pedidos, e não era umbandista (na verdade, curiosamente, dizia não crer em Deus). O sonho dele era ter um filho, e dizia que se eu não tivesse meus pais, ele me adotaria com minha tia, tal era seu carinho por mim, tanto é que me chamava de filha. Dizia que se Yemanjá lhe desse um filho, jogaria milhares de flores ao mar de um helicóptero. Infelizmente, perdi meu amado tio com apenas onze anos. No último ano-novo que ele passou com a minha família, botou pra tocar um CD da Clara Nunes que minha avó tinha na "casa da praia". Nunca tinha ouvido. Era "O Mar Serenou". Eu dancei, e ele se orgulhava dizendo "esta é minha filha!". Yemanjá, a doce yaba, está sempre comigo, assim como meu tio. O mar é a coisa mais importante da minha vida. Meu ex-namorado dizia que meu nome era a mistura do mar com o céu, e aprendeu a amar Yemanjá comigo mesmo sendo ateu. Em suma, adorei seu texto, pelas razões que listei e infinitas outras. Odoyá!

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  7. Lilian, certa vez li um livro do Paulo Mendes Campos que dizia que viver é tão delicado quanto falar de corda em casa de enforcado. Falei de "cordas" para vc, então me desculpe. Sei de seu enorme conhecimento e fico feliz por ser sua amiga.E além do mais, adoro ser contestada com inteligência....Se alguém pensar da mesma forma que a Lilian, peço que compreenda o quanto é importante a energia de Yemanjá e quanta gente, como ela diz, trabalha anonimamente em prol do próximo e carrega em si esta energia maravilhosa. Nunca percam a oportunidade de agradecer....SARAVÁ!

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  8. Só uma coisa. Nem o conhecimento da ciência é tão grande assim. O meu é uma pulguinha. E aquilo ali em cima é uma mera opinião. Maravilhosamente, nesse mundão nem todos enxergam as coisas pelo menos prisma. Prefiro assim.
    Novamente, parebéns pelo texto - sabe que adoro esse espacinho aqui.

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  9. http://dicasdeleituradamana.blogspot.com/ vai la

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  10. Que lindo texto, querida!!! Aquece o coração... Salve Yemanjá, nossa mãr querida! Odociá, Mãezinha!!!
    bjosss

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  11. QDO EU apenas SINTONIZAR ....sem a "necessidade" de RITUAIS....vou estar PRONTINHA!!!!
    adoro suas LETRINHAS FRANCISQUINHA!!!!
    muuuuuuuuuuuuuuuuuaaaaaa!!! TÉ JÁ JÁ ;D

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  12. Com o absoluto respeito à liberdade de expressão, leio entre os comentários uma crítica mordaz ao Dr. Dráuzio Varella a quem lhe é atribuído o pecado de ser um médico que "há tempos não vê um paciente". Neste ponto, meu contraponto. É um soberano direito do Dr. Dráuzio Varella posicionar-se em qualquer outro campo que não o clínica médica. Antes de médico é um cidadão e como tal não encontro nenhum ruído em seu posicionamento. Mas, antes de cidadão e antes de médico o Dr. Dráuzio é um animal humano: tem direito de clinicar (se quiser), de dormir, de acordar, de se importar ou não com o comentário negativo. Um médico está obrigado a clinicar até o último dia da sua vida? Está o poeta obrigado a... Está o pedreiro obrigado a... Está o Animal Homem obrigado a desempenhar determinada personagem até o último segundo de sua vida? Não poderia o Dr. Dráuzio, se desejasse, dedicar-se doravante às artes plásticas sem despertar a fúria de um comentário repressor na web? Antecedente ao médico está a pessoa, antecedente à pessoa está o Animal Humano e nenhuma antecedente pode estar aprisionado pelo consequente, se desejamos e queremos dizer que vivemos com e para a liberdade.
    O Dr. Dráuzio Varella não é prisioneiro da medicina.
    A medicina não pode aprisionar o Animal Humano, sua tarefa é ofertar ao Animal Humano auxílio à sua condição de saudável para exercício da vida/liberdade.
    Com tanto Animal Humano doentio vampirizando a sociedade brasileira e logo o Dráuzio Varella é eleito como alvo?
    O dia em que o Animal Humano Dráuzio Varella for o problema, este país estará definitivamente curado.
    Com todo respeito a quem emitiu o comentário, discuto idéias não pessoas.

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