
Filho quando começa falando: Veja bem mamãe..... nunca quer de fato que olhemos para a ação cometida. Foi como o Dyogo começou, e ,logicamente terminou falando que não era justo o Syrus se meter na vida pessoal dele, o bullying era contra ele no fundo, mas muito no fundo mesmo. A tal palavra bullying hoje está sendo usada do maternal até o Senado, fazer o quê?
E mais uma vez adotamos uma palavra que servirá tanto para justificar, quanto para acusar. O ser humano está cheio destas palavrinhas que são sacadas rapidamente. E vou falar uma coisa: ou cada ser se define, define suas idéias e concepções sobre verdadeiro ou falso, pratica uma vida pés no chão, ou está fadado a passar o resto de sua vida em conjecturas inúteis.
Tenho quatro pessoas que amo de verdade com câncer no momento.Uma das melhores coisas que fiz foi ter escutado o Dr. Dráuzio Varela num programa chamado Roda Viva, falando sobre este assunto. Ele simplesmente odeia que falem que uma pessoa se curou de câncer porque tem muita força de vontade. Falou que é inconcebível pensar que alguém não queira se livrar desta doença. Outra coisa muito importante a ser lembrada é a sensação de culpa que se incute no doente. O câncer é uma alteração genética na célula e ponto. Não se sabe muito sobre ele, mas existe desde que a humanidade existe e tem cura registradas desde o tempo do Egito Antigo, mas cada caso é um caso. A minha fé vê em cada um deles um herói, que cumpre sua função nesta existência, hoje mais rejuvenescidos do que ontem, fazendo algo que deveríamos ter em conta: vivendo um dia de cada vez.
Temos que cuidar dos nossos "falares". Palavras têm força e crescem em proporções por vezes exageradas. Um teólogo chamado Luis Solano Rossi recentemente relançou seu livro "Jesus vai ao Mac Donald's" falando sobre o consumismo nas religiões católica e protestante, onde cada vez mais o que conta é a transformação de Jesus em produto. Em determinado ponto da entrevista ele fala o seguinte " O impacto se dá em dois momentos. O primeiro é na formação de uma cultura que nega a coletividade, fazendo com que a teologia deixe de ser vista como um instrumento de proteção da vida, principalmente da vida dos mais vulneráveis, para se tornar um instrumento individual. O segundo impacto é que o fiel começa a pensar mais no seu sucesso e bem estar pessoal do que nos outros. Para atender a esse desejo, muitos migram de uma comunidade para outra, seja católica ou protestante, como se fossem lanchonetes de fast-food. Se a pessoa percebe que igreja tal tem uma certa eficiência, se ouve que lá dá resultado, então se muda. Desaparece o compromisso com uma doutrina, uma história, uma tradição."
Infelizmente isto não está restrito apenas a estas religiões. Vejo pessoas se movimentando entre Terreiros de Umbanda da mesma forma. E cada vez mais se perdem em meio aos seus próprios egos, porque querem alguém que decifre tudo de imediato e acabam por nada entender. Em nenhum momento, nesta minha caminhada me falaram que se eu desenvolvesse minha mediunidade iria me transformar numa popstar, muito pelo contrário. Existe uma linha tênue entre o bem e o mal neste mundo. Não se pratica a Umbanda sem caridade, sem pensar na coletividade: é impossível. Quem é caridoso não profere palavras que vão contra o prosseguimento da vida, da fé. Com a caridade e com a fé em novos dias, o amor irrestrito passa a ser imperativo nos corações.
O amor , antes de ser algo só poético, constitui-se em um exercício que deve ser praticado todos os dias e uma barreira intransponível para qualquer tipo de mal. Não é fácil sair amando por aí não. Tem que aprender primeiro o que é humildade, depois aprender a observar a beleza que há num mundo onde cada um está num nível diferente, dentre muitos outros itens. Nisso, uso como apoio um pensamento de um filósofo bem conhecido atualmente: o Mario Sergio Cortella. Não nascemos prontos, quem nasceu pronto e envelhece com o tempo é geladeira, fogão.Nós nascemos não-prontos e vamos nos fazendo com o tempo. Isso nunca acaba de fato. Posso amar hoje,mas ainda não sei amar e entender o amor na plenitude.
Caí na palavra que gosto: entendimento. Vão lá no blog do Pai Maneco e vejam quantas perguntas já fiz, além das que tenho guardadas no meu email. Hoje eu entendo que se pergunto cada detalhe mínimo, estou também encerrando ali uma pergunta subliminar: painho, será que consigo passar a mensagem do amor Divino?
Uma amiga assistiu a gira ontem e agora há pouco me falava: Andréa prestei bastante atenção nos atendimentos da entidade que estava com você: entravam muito sérios e saíam leves e sorrindo. Ontem eu consegui deixar a entidade passar a mensagem, bom. Há outros tantos dias pela frente e tanto o que se aprender ainda, que nem dá tempo de ficar enebriada com este passo a mais dado por mim e com certeza por tantos outros.Volto no Cortella: a sensação de felicidade neste caso tem que ter o tempo do cozimento de um miojo: passou de três minutos vira gosma.
A arrogância está aí sendo disseminada e ninguém faz nada. O arrogante não evolui, porque já sabe tudo. Alguém em algum momento tem dizer que o tecido não existe e estamos nus. O médium não pode cair no engôdo de que nunca fará algo errado. Nós, como pessoas além de qualquer religião, não somos infalíveis, antes estamos nesta vida aprendendo a cada minuto. E precisamos pensar no que aprendemos. E, ao contrário disto é o que mais se propaga nesta rede mundial que habitamos. Se você não entende que está num contínuo processo de aprendizado, em que cada detalhe do seu dia traz um novo conhecimento, como você vai passar isto às gerações mais novas? Notaram que as crianças da cidade já não perguntam tanto? Nem os adultos. Eles simplesmente não tem o que explorar, já sabem tudo.
Um pouco chateada com esta falta de horizontes, deixo aqui um pequeno texto, desejando que todos recuperem a criança que se espanta com a vida e sonha com o inacreditável:
"Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas. A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez, Paulo não só ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias. Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça: -Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia". (Carlos Drummond de Andrade).