segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Caos

 

Tenho tido sonhos pesados. Prédios caindo, terra tremendo, tsunamis e o pior: pessoas sem dar a mínima para o que ocorria. Talvez fosse o que mais me assustava e assusta. Lembro nitidamente em sentir e ver pedaços de prédio caindo e ninguém na rua ligava. No que nos tornamos?

Tem uma coisa que não gosto na Umbanda. Já percebeu que todo médium se acha um ser iluminado? Que trabalha só para o bem e emana energias de luz? Não é um mal apenas da Umbanda ,mas de muitas religiões. O fato de acreditar em algo maior não habilita nossas potencialidades angelicais, infelizmente. As coisas mais simples como o Bem, a caridade, a humildade são conceitos de tão difícil compreensão que ficam escondidos e os adeptos da nossa religião vão buscar outras coisas mais “mágicas” para estudar. Saber nome de entidades que trabalham conosco, pontos riscados, fórmulas  para entregas e “ebós” parecem mais interessantes e úteis. Parecem só, mas não tem como dar o passo dois sem o primeiro.

Dias desses, num grupo do Facebook que um amigo fez para divulgar os textos deste blog, veio um “religioso” no inbox pedir que eu mudasse o nome porque ele teria registrado o “Coisas de Umbanda” . Primeiro eu ri, depois eu vi pedras caindo do céu e todo mundo andando normalmente. Para onde tudo isto está caminhando?

Fiz este blog como forma de pensar a Umbanda, de estimular a observação e os necessários questionamentos. Não questionar o que o dirigente faz de seu culto ,mas a idéia filosófica da Umbanda em si. Aí vem um engraçadinho fazer este tipo de apontamento. Gente , Umbanda envolve muito suor, sofrimento e observação.

Não é bonitinho ser médium de verdade. Todo mundo tem uma certa mediunidade é verdade, mas são tantas formas diferentes de exercer que não dá para colocar todos na mesma forma. Quem realmente trabalha como receptor de mensagens de entidades vive em sobressalto, até que tenha maturidade para entender o mecanismo de uma egrégora, o que leva anos.

Orai e vigiai dia e noite, seus pensamentos , suas conclusões. Se você está no começo, observe. Se está a anos na Umbanda, observe. Se você faz parte de um grupo, uma egrégora, não tem esta de “eu faço minha parte e não me importo com os outros”. Queridos , se há guerra você é um soldado quer queira ou não.  Cabe a você escolher que embate quer participar apenas. Tudo é interligado.

Vou desmistificar mais uma coisa: muito embora haja normativas do que se pode ou não deixar uma entidade falar na maioria dos terreiros, se eles quiserem te passar uma mensagem ,vão fazer de uma forma muito discreta. Não seja neurótico, mas preste atenção e peça sempre explicação do que não entender.

As entidades botam sempre você em teste, a evolução é assim, eles não seriam diferentes. Fique esperto. Nós somos uma religião que combate os males dos que nos são enviados, temos que ser fortes e preparados. Certa vez vi uma médium “incorporada” correr ao ouvir do consulente que o mesmo havia assassinado uma pessoa. Umbanda não é para gente que acredita num mundo cor de rosa.

Para terminar por hoje, quero que entenda que tudo que divide não soma em sua evolução. Evoluir é condição sine qua nom  da natureza, e nós umbandistas somos regidos por ela. Axé!