.jpg)
Somos seres ritualísticos, independente de religião. Por mais céticos que possamos ser, desenvolvemos todo um ritual em nossa rotina e se, por qualquer motivo ela se quebra, ativamos toda nossa consciência em busca do que possa sair de errado.Vou ser mais clara: imagine que uma pessoa ,por anos a fio, levanta as 7 da manhã, escova os dentes, prepara o café e faz sua primeira refeição ouvindo as notícias do dia que começa. Se ,neste ritual, algo não funciona como desejado (a escova de dentes estraga, o café cai no chão,etc) imediatamente uma luz vermelha se acende no cérebro como se fosse um sinal de perigo,fazendo com que nossa consciência se expanda para descobrir o que pode dar errado durante o dia. Pode parecer engraçado, mas de fato ocorre. A Umbanda possui uma gama imensa de rituais que dependem exclusivamente da visão dos pais e mães de santo, o que para nós é uma grande Graça Divina, pois podemos escolher qual é o melhor para absorvermos e compreendermos as energias que nos regem, protegem e auxiliam no bem que possa ser realizado em nós e por nosso intermédio.
Certo dia conversava com um amigo sobre mediunidade inconsciente. Como em minha vida ,algumas vezes, moradores de rua em estado alterado de consciência vieram me dar "mensagens" que me auxiliaram muito acredito que estas pessoas sejam mensageiros inconscientes. A inconsciência na mediunidade, porém, não é algo proveitoso, além de ser perigoso: muitos umbandistas sabem que a mensagem que é passada para o consulente, muitas vezes nos servem também. Imagine você emprestando seu carro para uma pessoa dirigir vendada num trânsito pesado: não há como isto dar certo.
Mas não é a mediunidade inconsciente que me preocupa: o que me faz pensar é a consciência do umbandista. Quantas vezes você se alimenta pensando no que está ingerindo? Ou quantas vezes você anda pela rua prestando atenção no caminho? Nossa mente sempre está em movimento, mas poucas muito poucas vezes está atenta ao momento presente. Quando um filho está passando por dificuldades e tentamos ajudá-lo, nossa consciência estará onde ele estiver. Nosso pensamento gera energia para que estejamos "presentes" onde julgarmos mais importante.
Se estamos apaixonados, nossa mente estará com o ser amado e se, por algum motivo, não tenhamos informações desta pessoa ou não consigamos contato imediato, a mente já elabora situações que possam estar ocorrendo para explicarmos a ausência. São estas coisas que "achamos" que podem diminuir nossa faixa vibratória: medo de perder o amor, o emprego, a saúde. Neste ponto ocorre o que o Caboclo do Mar chama de auto-obsessão, que pode nos trazer muitos transtornos e sofrimentos desnecessários.
O ponto que eu quero chegar é: por onde anda consciência do umbandista? O que queremos da religião de fato? São travadas guerras estúpidas pela atenção do pai ou mãe de santo, seja para ouvir que é um bom médium, para minar a confiança deles em alguém que está "aparecendo demais" ou galgar "cargo" na hierarquia. Os que praticam estas coisas, em meu pequeno entendimento, só podem ser médiuns umbandistas totalmente inconscientes da missão da religião no Brasil.
A consciência plena em uma gira é também um grande aliado no processo de conhecimento. Observar os movimentos sem julgamento preconceituoso, observar a si mesmo e perguntar sempre que necessitar são elementos mais do que necessários para a evolução da Umbanda, que começa necessariamente em nós mesmos.
Como religiosos temos mais chances de experimentarmos grandes e maravilhosas experiências mediúnicas, independente da religião, mas é ,antes de tudo, necessário comprometimento. Uma experiência mediúnica só se tornará relevante se auxiliar a mudar o nosso padrão vibratório e do próximo em relação a problemas que tenhamos que resolver. A mediunidade pode ser um lenitivo para as dores do dia-a-dia, mas na Umbanda ela é, principalmente, um instrumento de transmutação energética e deve ser sempre levada a sério, pois somos médiuns 24 horas por dia. "Batucai" e vigiai seus pensamentos sempre!